A primeira-ministra britânica, Theresa May, diz acreditar no brexit e apelou à união do Partido Conservador para conseguir "o melhor acordo para o Reino Unido", rejeitando que o seu plano de Chequers esteja morto e acusando os críticos de porem em causa o interesse nacional. O apelo foi feito no primeiro dia da conferência anual dos Tories, que só termina na quarta-feira em Birmingham..Um estudo divulgado hoje pelo Centro para a Reforma Europeia (CER), com sede em Londres, conclui que o brexit custa já 500 milhões de libras (cerca de 560 milhões de euros) por semana ao Reino Unido.."Eu acredito no brexit", afirmou a primeira-ministra numa entrevista à BBC, em resposta às críticas do seu antigo chefe da diplomacia, Boris Johnson. Ao The Sunday Times, aquele que é sempre apontado como um eventual sucessor tinha dito: "Ao contrário da primeira-ministra, eu lutei por isto [pelo brexit]. Eu acredito, acho que é a coisa certa para o nosso país e que o que está a acontecer agora, infelizmente, não é o que foi prometido às pessoas em 2016"..Theresa May respondeu: "Acredito em conseguir um brexit de forma que respeite o voto do povo britânico, protegendo ao mesmo tempo a nossa união, protegendo os empregos e garantido que vamos fazer do brexit um sucesso no futuro", afirmou. "É por isso que estou a ser ambiciosa para este país. É por isso que quero um bom acordo de livre comércio com a União Europeia, que é o centro do plano de Chequers", acrescentou.."Vamos fazer do brexit um sucesso, independentemente do resultado das negociações", referiu May, explicando estar preparada para um cenário em que não seja possível chegar a acordo com a União Europeia. "A minha mensagem para o meu partido é: vamos unir-nos e conseguir o melhor acordo para o Reino Unido", disse..A seis meses para a data oficial do brexit, os apelos à união de Theresa May não surtiram efeito no primeiro dia de conferência. Além de Jonhson, outro dos seus antigos ministros, que também saiu do governo quando ela revelou o plano Chequers, passou ao ataque..O ex-ministro para o brexit David Davis, que como o ex-chefe da diplomacia defende um acordo de livre comércio ao estilo do canadiano com a União Europeia, disse considerar o plano de May "simplesmente errado". Contudo, numa nota mais positiva, disse ser 80 a 90% certo que o governo consiga chegar a um acordo com Bruxelas..Por seu vez, o ministro do Comércio, Liam Fox, defendeu o fim das discussões sobre o resultado do referendo de 2016, indicando que o país tem pela frente meses cruciais. "Temos que parar de refazer o referendo e unir-nos para honrar a vontade democrática do povo britânico ou arriscamos enfraquecer a fé no próprio sistema democrático", disse na conferência.."As decisões que tomarmos nos próximos dias e meses vão moldar profundamente a nossa relação com a União Europeia e o resto do mundo, à medida que desenvolvemos uma visão de Reino Unido realmente global", acrescentou Fox..Theresa May discursará no último dia da conferência, na quarta-feira, enquanto Johnson deverá falar na terça-feira..Custos do brexit.De acordo com dados revelados pelo CER, a economia britânica é menor em 2,5% do que se o Reino Unido tivesse votado para permanecer na União Europeia no referendo de junho de 2016. As finanças públicas, segundo o estudo, foram reduzidas em 26 mil milhões de libras (29 150 milhões de euros) por ano, o equivalente a mais de metade do orçamento da Defesa do país..Um valor contrasta com o "dividendo" de 350 milhões de libras (392 milhões de euros) que a campanha para a saída da União Europeia prometia antes do referendo, lembra o jornal The Guardian. Além disso, o CER aponta para uma descida do défice para 0,1% do PIB se o Reino Unido não tivesse votado a favor da saída da UE.