"Sprint final": Merkel e Macron admitem que acordo para Brexit está próximo
Estamos no "sprint final", disse Angela Merkel. O acordo "está a ser finalizado", indicou Emmanuel Macron. A chanceler alemã e o presidente francês mostraram-se esta tarde confiantes de que será possível um acordo de Brexit com o Reino unido na véspera da cimeira de líderes europeus em Bruxelas. "Em teoria tudo ficará claro em sete a oito horas", dissera antes o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, algumas horas antes.
Depois de um encontro franco-alemão em Toulouse, Merkel disse que acreditava cada vez mais na possibilidade de chegar a um acordo com o Reino Unido para a saída da União Europeia. E presou homenagem ao líder das negociações do lado europeu, o francês Michel Barnier.
"É a nossa esperança e vontade de poder apoiar um acordo e espero que esse acordo seja encontrado nas próximas horas", disse por seu lado Macron, que também agradeceu a Barnier por "negociar com um grande sentido de seriedade e respeito pelos estados membros". O presidente francês apelidou de "positivo" as negociações.
À tarde, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, tinha dito que "há uma oportunidade de conseguir um bom acordo, mas ainda não estamos lá", aludindo a "várias questões pendentes".
Fontes do governo britânico revelaram tanto à BBC como à Sky News que não haverá acordo na noite desta quarta-feira, deixando mais tempo para continuar as negociações. A única coisa que estará a impedir o acordo será o IVA, segundo as mesmas fontes.
"Em teoria tudo ficará claro em sete a oito horas", disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, sobre se haverá Brexit até dia 31 de outubro. As declarações à TVN 24 vão ao encontro das notícias sobre os progressos nas conversações entre Bruxelas e Londres nos últimos dias.
"Ainda está a sofrer alterações e as premissas básicas deste acordo estão prontas e, teoricamente, podemos aceitar um acordo amanhã." disse o dirigente polaco. "Ontem à noite eu estava pronto para apostar nele... hoje mais uma vez surgiram algumas dúvidas do lado britânico." E concluiu: "Tudo está a avançar na direção certa, mas terão reparado que com o Brexit e sobretudo com os nossos parceiros britânicos tudo é possível", comentou.
No início do dia, o primeiro-ministro irlandês Leo Varadkar afirmou que as negociações não conseguiram até agora resolver os problemas que entravam um acordo para o Brexit. No entanto, o taoiseach, num discurso aos deputados sobre o Conselho Europeu, disse acreditar num desfecho positivo. "Disse na semana passada que pensava haver um caminho para um possível acordo. Essa continua a ser a minha opinião. No entanto, a questão é saber se os negociadores serão capazes de colmatar as lacunas restantes antes do Conselho de amanhã. O que é importante agora é que se mantenha toda a concentração na obtenção de um acordo que seja vantajoso para todos."
Os meios de comunicação britânicos como o Financial Times davam conta de que um pacote bilionário de investimentos poderia convencer os dez deputados unionistas irlandenses a aceitar um acordo no qual a fronteira aduaneira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte é retirada, passando para uma fronteira marítima. No entanto, não é claro se o partido conservador irlandês, que tem apoiado o governo minoritário dos tories, irá alinhar com a proposta. A líder do partido, Arlene Foster, negou terem chegado a acordo.
Se o governo britânico e Bruxelas chegarem a acordo, uma sessão especial na Câmara dos Comuns irá apreciar o documento. O presidente da comissão parlamentar do Brexit, Hilary Benn, admitiu que o acordo pode ser votado em conjunto com um referendo vinculativo. "Se o governo apresentar um acordo à Câmara no sábado não seria surpresa se houvesse um movimento para sujeitá-lo a um referendo vinculativo", disse o deputado trabalhista.