Brasil voltou a jogar bonito graças ao professor Tite
Há 12 anos, um criativo publicitário criou um conceito que marcou o mundo do futebol e que ficou na memória do mundo. Duas palavras apenas e tão impregnadas de sentido, reveladoras daquilo que era o espírito do brasileiro e do seu futebol: "Joga bonito". Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenómeno, e Robinho eram os rostos desta forma de estar e jogar. Divertiam-se e divertiam quem os via.
Num futebol cada vez mais profissional, feito de automatismos e planos táticos e estratégias estudadas ao milímetro, durante os anos foi-se perdendo o tempo e o espaço para simplesmente se jogar bonito. Doze anos depois há um brasileiro apostado em resgatar este modo de estar e jogar: Adenor Leonardo Bachi ou como é conhecido: professor Tite.
Desde que tomou conta desta seleção em junho de 2016, o selecionador recuperou a alegria de jogar dos brasileiros e devolveu-lhes o orgulho no seu estilo tão único. Foram 21 jogos até este dia de estreia do Mundial 2018, marcados por 17 vitórias, três empates e apenas uma derrota com a Argentina num jogo amigável.
Num país do tamanho de um continente e onde as unanimidades são raras, Tite parece ser hoje um nome de consenso entre o povo brasileiro. E por isso, essa foi uma das perguntas que lhe foram colocadas na conferência de imprensa de antevisão da partida de estreia de hoje com a Suíça (19.00). O treinador, ao seu estilo, recusou o peso da palavra: "Eu não sou unamidade. Isso não me envaidece, apenas me faz ter respeito.
Ao lado do professor, o jogador Marcelo, capitão brasileiro neste Mundial foi pela opinião da maioria: "Eu já o disse várias vezes. O professor mudou a cara da seleção, passa-nos tudo mastigadinho o que faz com que fique mais fácil para nós entendermos."
Hoje não há Ronaldinho, nem Ronaldo ou Robinho. Os tempos são outros assim como os rostos que assumem a ambição desta equipa e a alegria na forma de jogar desta seleção. Mas há outros jogadores que parecem capazes de aguentar o peso da herança dos seus antecessores como Neymar, Philippe Coutinho ou Gabriel Jesus por aquilo que têm demonstrado em campo.
A confiança é tanta que quando aterrou na Rússia, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, o coronel Nunes, não perdeu tempo em demonstrá-la ao presidente da FIFA: "Eu disse ao Infantino que pode preparar a taça para o Brasil. Eu quero levantar a taça".
Tite recusou essa confiança desmesurada, querendo apenas demonstrar que o trabalho que fez até aqui, apoiado em resultados, se mantenha ao longo deste Mundial. "O trabalho realizado até agora cria-nos expectativas, mas também nos dá uma paz de saber que as coisas foram bem feitas", concluiu.
O 7-1 com a Alemanha do Mundial 2014 é um passado não esquecido, mas posto lá atrás, sem traumas, segundo Marcelo.
A Suíça, que só perdeu com Portugal na qualificação até à Rússia, é o primeiro grande teste que esta canarinha terá pela frente. No outro jogo do Grupo E, a Costa Rica defronta a Sérvia, a partir das 13.00 na Arena Samara.