Brasil tenta "aquecer café velho e frio" depois de falhar reforma da segurança social

Presidente brasileiro quer aprovar uma série de reformas antes das eleições legislativas de outubro, às quais garante não concorrer
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O Presidente do Brasil, Michel Temer, quer aprovar um conjunto de leis antes das eleições de outubro, mas os analistas e legisladores contactados pela Bloomberg consideram que isso é como "aquecer café velho e frio".

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, considera que a intenção do Presidente brasileiro de aprovar uma série de reformas antes das eleições legislativas de outubro, às quais Temer garante não concorrer, assemelha-se a "aquecer um café velho e frio" e corre o risco de dispersar as atenções dos legisladores.

"Há um afastamento no campo do Governo", disse o deputado, geralmente alinhado com as posições económicas de Temer, notando que "quando há apenas um objetivo e um foco, os esforços são mais concentrados, e acaba-se por minimizar esse foco quando a agenda está mais difusa", disse o deputado em declarações à Bloomberg.

Em causa está um conjunto de iniciativas legislativas anunciadas pelo Presidente, que, no seguimento do falhanço da aprovação da lei da segurança social e da descida do 'rating' pela agência de notação financeira Fitch, Temer quer aprovar.

De acordo com o artigo da Bloomberg, escrito na sequência de diversas entrevistas a legisladores, deputados e analistas, há sete ou oito iniciativas que poderão ser aprovadas, na opinião de um elemento da equipa económica de Temer.

A única capaz de suscitar o interesse dos grandes investidores internacionais é a privatização da Electrobrás, a maior companhia elétrica da América Latina, enquanto outras, como a reforma tributária conhecida como PIS/COFINS, parecem de aprovação duvidosa.

Desde o princípio do seu mandato, quando conseguiu várias vitórias legislativas, Temer tem visto a sua popularidade diminuir e o capital político descer, ao passo que as alegações de corrupção aumentavam e a retoma económica tardava em surgir.

"Não faz muito sentido forçar os limites porque há uma batalha no Congresso relacionada com as eleições", comentou o líder do PSDB na Câmara Federal, Nilson Leitão, numa entrevista.

"A campanha pode ser complexa e ocupar muito tempo, dedicação e energia, o que pode fazer descarrilar os esforços para fazer avançar as medidas prioritárias", alertou o representante do partido de Temer no Parlamento.

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