Brasil em choque com imagens de marido que mata a mulher
O Brasil ainda está em choque depois das imagens das agressões de Luís Felipe Mainvailer, um biólogo e professor universitário, à mulher, a advogada Tatiane Spitzer, terem sido divulgadas pelas televisões nacionais do país. Ontem, Mainvailer foi formalmente acusado dos crimes de homicídio com quatro agravantes - meio cruel, dificultar a defesa da vítima, motivo torpe e feminicídio -, de cárcere privado e de fraude processual.
Tatiane, de 29 anos, foi encontrada morta na madrugada do dia 22 de julho, em Guarapuava, cidade do Paraná, depois de cair do quarto andar do prédio onde vivia com Mainvailer, de 32.
O marido foi detido naquela manhã após sofrer um acidente de automóvel a 340 quilómetros do local, próximo da fronteira com o Paraguai. No dia 31 de julho foi indiciado pela polícia por homicídio. Em depoimento negou a autoria do crime, sustentando que fora suicídio, e que o acidente de viação se deveu "à visão constante dela a jogar-se da varanda".
Foi então que as imagens gravadas por câmaras de segurança do prédio foram tornadas públicas. Nelas, vê-se Mainvailer, que voltava de carro no início da madrugada da sua festa de aniversário, a agredir Tatiane ainda na viatura. Depois, as agressões e perseguições sucedem-se na garagem do edifício e no elevador. Mais tarde, já depois da queda do quarto andar que motivou a morte de Tatiane, o suspeito arrasta o corpo da mulher e tenta, visivelmente desesperado, limpar imagens de sangue do elevador.
O pai da vítima relatou indícios de agressões noutras ocasiões. Uma amiga mostrou à polícia mensagens de Tatiane a queixar-se do comportamento do marido e a equacionar o pedido de divórcio. O irmão de Manvailer, no entanto, garante que o casamento era feliz.
A perícia realizada no local do crime constatou uma fratura no pescoço de Tatiane, o que pressupõe asfixia.
A defesa alerta para o facto de todas as teses levantadas serem, por enquanto, meramente especulativas e já pediu a transferência de Manvailer para atendimento psiquiátrico urgente, uma vez que o detido tentou o suicídio na cela.
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil teve registo de 221 238 casos de violência doméstica em 2017. Os números devem, contudo, ser ainda maiores, uma vez que vários órgãos regionais não forneceram dados ao Anuário.
Este conclui ainda que o número de mulheres vítimas de homicídio no ano passado foi de 4539, um aumento de 6,1% em relação a 2016. Destas, mais de 1100 foram vítimas de feminicídio.
O número de assassínio também bateu recordes no ano passado. Foram registadas 63 619 mortes violentas, um aumento de 2,9% em relação a 2016.
Em São Paulo