Há muito que a tradição brasileira na Fórmula 1 deixou de produzir lendas como as dos antigos campeões Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna. Mas nunca o cenário foi tão dramático como agora. O Brasil corre sérios riscos de ficar mesmo sem qualquer representante na competição durante a próxima temporada, algo que já não acontece desde 1969..A saída de cena de Felipe Massa promete ser muito difícil de colmatar. O piloto da Williams anunciou recentemente a sua retirada, aos 35 anos. Depois de 14 épocas a competir ao mais alto nível na F1, tomou a decisão de abandonar as corridas no final deste ano..O vazio até poderia ser preenchido pelo outro brasileiro que atualmente compete na F1: Felipe Nasr. O problema é que o piloto da Sauber, de apenas 24 anos, ainda não tem garantida a continuidade na competição em 2017..Depois de algumas prestações promissoras em 2015, na sua época de estreia, Nasr tem vindo a protagonizar desempenhos cinzentos em 2016, não tendo sequer conquistado um único ponto. Hoje, partirá do penúltimo lugar da grelha para o GP do Brasil..Várias portas se fecharam para Nasr após Force India e Renault terem anunciado as suas duplas para o próximo ano. A sua melhor hipótese, nesta altura, é mesmo a renovação com a Sauber, que já garantiu que vai continuar a contar com o sueco Marcus Ericsson..Só que agora que a equipa suíça foi adquirida por novos donos, os problemas financeiros que a atormentavam parecem estar finalmente resolvidos. E isso tornou praticamente dispensável o patrocínio do Banco do Brasil, cujo financiamento tem servido de lóbi para a aposta no jovem brasileiro..Preocupação em Massa.Resumindo: a ameaça é séria. O Brasil, terceiro país com mais títulos mundiais individuais (oito) na história da Fórmula 1, pode mesmo sair da grelha. É algo que já não acontece há 46 anos, desde a temporada de estreia de Fittipaldi, que viria a sagrar-se campeão por duas ocasiões (1972 e 1974)..Nelson Piquet (campeão em 1981, 1983 e 1987) e Ayrton Senna (1988, 1990 e 1991) também terão deixado saudades no seu país, onde não se vislumbram sucessores no horizonte. Felipe Massa sabe-o e já demonstrou a sua preocupação. "Existe a possibilidade de ficarmos sem pilotos na Fórmula 1, o que é muito triste", admitiu há dias o piloto, numa entrevista ao canal brasileiro SporTV..Segundo Massa, o problema está na formação. "Há muito que não existe uma categoria para formar novos pilotos. Quando corria na Europa, a maioria das categorias tinha brasileiros a disputar o campeonato. Hoje, é difícil ver um chegar ao pódio", lamentou..O único representante brasileiro na GP2, categoria de acesso à F1, chama-se André Negrão e ainda está longe desse sonho. O futuro poderá mesmo passar por alguns nomes do passado. Pedro Piquet (18 anos, filho de Nelson Piquet) e Pietro Fittipaldi (21, neto de Emerson Fittipaldi) são duas das principais esperanças para dar seguimento a este legado..Tudo isto numa altura em que, para piorar o cenário, até o GP do Brasil está em risco de saltar do calendário em 2017. A prova deu mais de 27 milhões de euros de prejuízo em 2016, motivo pelo qual o representante máximo da F1, Bernie Ecclestone, já colocou em causa a sua realização na próxima temporada.