Branco, o pontapé-canhão que agora se dedica ao imobiliário

O antigo lateral esquerdo brasileiro recorda com saudade os três anos que esteve no FC Porto e se sagrou campeão. Mas o título que mais lhe deixa saudades é o do Mundial de 1994
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Cláudio Ibrahim Vaz Leal. Lembra-se? Provavelmente não. Mas se lhe dissermos que estamos a falar de Branco, certamente o leitor já sabe de quem estamos a falar. Sim, esse mesmo o extraordinário defesa brasileiro que passou pelo FC Porto no final dos anos 1980 que ficou famoso pelo seu pontapé-canhão. Hoje, aos 53 anos, continua apaixonado pelo mundo do futebol, mas, para já, fez uma pausa para se dedicar ao ramo imobiliário, onde é empresário.

Branco chegou ao FC Porto na temporada 1988/89, vindo do Brescia, do campeonato italiano, mas nem o facto de trocar uma liga como a transalpina pela portuguesa fez que o então lateral esquerdo desanimasse. "Nada disso, vinha para uma grande equipa, todos já sabiam que o FC Porto era um grande clube naquela altura, tinha acabado de ser campeão europeu (1987). Como é que podia dizer que não? Nunca me arrependi e ainda hoje sou grato ao FC Porto. Tenho muitas saudades de Portugal e da cidade. Fiquei com o clube no coração", confessou o brasileiro ao DN, salientando que ainda hoje segue os azuis e brancos.

"Claro que sim, não acompanho todos os jogos, mas estou sempre atento ao que se fala e aos jogos que passam na televisão. Sei que este ano estão muito fortes, infelizmente esta jornada da Liga dos Campeões não correu bem, mas o clube está num bom momento, estão em primeiro lugar no campeonato e isso deixa-me satisfeito", disse o brasileiro, que não esquece Pinto da Costa, presidente do FC Porto.

"Já na minha altura era um líder, todos tinham respeito por ele, sabia muito de futebol e se está ainda hoje num clube como o FC Porto é porque o seu trabalho fala por si. Há algum tempo que não falo com ele, mando-lhe um abraço, mas era sempre um prazer conversar com Pinto da Costa. Nunca nos dava descanso, exigia-nos sempre o máximo, dizia que o FC Porto tinha de ser o melhor de Portugal e um dos melhores da Europa. Com Pinto da Costa o FC Porto chegou aos principais títulos mundiais e foi com ele que o FC Porto cresceu e é o clube que é hoje", salientou.

Branco abandonou a carreira profissional em 1998, há 20 anos, mas o bichinho do futebol permaneceu. Já foi treinador, dirigente e no futuro não esconde que quer voltar. Agora, no entanto, a prioridade do antigo futebolista é outra e totalmente diferente da sua grande paixão.

"Se estou a fazer uma pausa? Não sei. Agora estou com muitos projetos no ramo imobiliário, tenho uma empresa, trabalho com outros sócios em outras, mas não posso fechar as portas ao futebol. Há sempre quem me ligue para perceber se estou interessado neste ou naquele cargo, mas, para já, entendi que devia dar mais alguma atenção aos meus negócios, mas o futuro nunca se sabe. O futebol é uma paixão, uma pessoa nunca consegue desligar-se por completo e sinto que é lá o meu lugar", salientou o brasileiro, que também já passou pelo papel de comentador televisivo.

"Gostei bastante, trabalhei na Bandeirantes.É curioso ver o futebol assim, mas estar perto do gramado (relva) é muito diferente. A começar pelo cheiro, que é diferente, as emoções também, quero voltar a treinar, disso não tenho dúvidas, mas no futuro ninguém manda e por agora estou de fora", afirmou o brasileiro.

O título mundial de 1994

No total, Branco venceu cinco títulos, entre clubes e seleção brasileira. Mas aquele que recorda com mais saudosismo é o Mundial de 1994, que se realizou nos Estados Unidos, tendo sido fundamental para chegar à conquista do então tetra do escrete canarinho.

"Fui campeão brasileiro logo quando comecei (1984) no Fluminense, é sempre um título que irei recordar, mas ganhei outros também, como a liga portuguesa pelo FC Porto (1989/1990). No entanto, aquele que jamais esquecerei é o Campeonato do Mundo de 1994 pelo meu país", confessou o brasileiro, fundamental na conquista do Mundial: "Foi o tetra do Brasil e ainda hoje as pessoas falam comigo sobre o 3-2 sobre a Holanda (deu acesso às meias-finais da prova). Gostava muito de bater as faltas. Tinha um bom remate, potente, e quando marquei esse golo sei que coloquei milhões de brasileiros felizes. Foi um jogo fundamental para vencer o Campeonato do Mundo e isso nunca mais vou esquecer. Se vejo os vídeos do Mundial? Antes sim, agora não recordo tantas vezes", afirmou Branco que, já depois de pendurar as chuteiras, ainda enveredou pelo futebol de praia, tendo representado também a seleção do seu país,

"Os brasileiros sempre gostaram muito de jogar na praia. Qualquer momento que têm vão para a praia chutar umas bolas. Recebi um convite, ainda me sentia fisicamente bem, até porque jogar na areia é muito difícil, e acabei por gostar. Aliás, acabei por ser pentacampeão mundial pela seleção do Brasil. Venci o tetra no futebol e o penta na praia. Foi uma grande experiência, cheguei a jogar um campeonato também em Portugal, foi muito bom. Se continuo a jogar agora? Agora não, ganhei uns quilos e é mais complicado correr na areia, ainda que de vez em quando brinco um pouco, mas agora mais vezes a jogar no golo [baliza]", concluiu em jeito de brincadeira.

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