BPP: Valor de retorno absoluto cresce para 830 milhões
"Os activos estão com uma evolução muito positiva, valendo agora 830 milhões de euros, quando valiam cerca de 600 milhões de euros há três meses atrás", revelou à agência Lusa Carlos Cardoso, um dos clientes que participaram na reunião de hoje com a administração do BPP.
A informação foi hoje avançada pelo presidente do Banco Privado Português (BPP), Fernando Adão da Fonseca, numa reunião que contou com a participação de vários clientes, e que serviu para fazer um ponto de situação acerca da constituição do fundo, por um lado, e para a administração explicar em viva voz aos clientes as razões que determinaram a sua permanência nos cargos aos quais tinham renunciado no início de Agosto.
O actual valor implica uma subida de 38,3 por cento desde o início de Junho, altura em que, segundo Carlos Cardoso, o valor das carteiras de retorno absoluto dos clientes do BPP rondava os 50 por cento do total de 1,2 mil milhões de euros investidos nestes produtos financeiros.
No encontro de hoje, o presidente do BPP recebeu Carlos Cardoso - cliente que foi a Bruxelas expor à Comissão Europeia o problema dos clientes de retorno absoluto, que estão há 10 meses com o dinheiro congelado no banco -, para além de Durval Padrão, porta-voz do Movimento do Retorno Absoluto, João Santos, que integra a mesma plataforma de clientes, Paulo Jorge, da Associação de Defesa dos Clientes do BPP, e Vítor Oliveira, empresário e cliente do BPP.
Por seu turno, a Associação Privado Clientes, liderada por Jaime Antunes, será recebida por Adão da Fonseca na quarta-feira, conforme apurou a Lusa.
Carlos Cardoso disse também que tem "trocado informação com a Comissão Europeia" sobre os últimos desenvolvimentos do caso, mas que os responsáveis comunitários só podem ter uma "intervenção indirecta, mais de aconselhamento" aos clientes.
O pressuposto da resolução das questões dos clientes e do BPP foi a razão invocada por Adão da Fonseca aos clientes para se manter, com a equipa, em funções.
"A impressão que fica é que o nosso problema é para resolver, mas também passámos hoje na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e fomos informados que ainda há uns detalhes para resolver. Acho que é mais para empatar até às eleições", considerou Carlos Cardoso.
"[A solução do problema dos clientes] não está dependente de ser um Governo ou outro. Qualquer um que ganhe terá que resolver esta questão que já se arrasta há demasiado tempo", frisou.
O cliente do BPP sublinhou à Lusa que Adão da Fonseca estava hoje "mais confiante, mais positivo" do que em reuniões anteriores e o presidente do BPP terá dito aos clientes no encontro de hoje que "o Governo e o Banco de Portugal estão à procura da melhor solução, que passa por tratar do problema dos clientes e deixar o banco ao cuidado dos accionistas".
Ainda assim, Carlos Cardoso sublinhou que "a falência do BPP sai mais cara ao Estado do que a sua viabilização".