Borell suspeita de sabotagem nos gasodutos e adverte para resposta "robusta" da UE
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, comentou hoje que toda a informação disponível aponta para que as fugas nos gasodutos submarinos Nord Stream tenham sido resultado de sabotagem, e advertiu para uma resposta "robusta" da União Europeia (UE).
Em comunicado divulgado hoje de manhã em Bruxelas, o Alto Representante da UE para a Política Externa salienta que o bloco comunitário "está profundamente preocupado com os danos causados aos gasodutos Nord Stream 1 e 2, que resultaram em fugas nas águas internacionais do Mar Báltico".
"As preocupações de segurança e ambientais são da maior prioridade. Estes incidentes não são uma coincidência e afetam-nos a todos", prossegue, assinalando então que "toda a informação disponível indica que essas fugas são o resultado de um ato deliberado".
"Apoiaremos qualquer investigação que vise obter total clareza sobre o que aconteceu e porquê, e tomaremos novas medidas para aumentar a nossa resiliência em matéria de segurança energética", diz o líder do corpo diplomático europeu.
A terminar, o Alto Representante adverte que "qualquer perturbação deliberada das infraestruturas energéticas europeias é totalmente inaceitável e merecerá uma resposta robusta e unida".
"Agora é primordial investigar os incidentes, obter total clareza sobre os eventos e porquê. Qualquer interrupção deliberada da infraestrutura energética europeia ativa é inaceitável e levará à resposta mais forte possível", disse Von der Leyen.
A presidente da Comissão Europeia fez estas declarações depois de falar por telefone com a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, cujo Governo, como o da Suécia, indicou que as fugas identificadas nos gasodutos que ligam a Rússia à Alemanha são o resultado de "atos deliberados".
"A avaliação clara das autoridades é que é um ato intencional e não um acidente", observou Frederiksen, numa conferência de imprensa.
Também a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, afirmou que "provavelmente" o que aconteceu foi devido a "sabotagem".
Nenhuma das duas governantes quis especular sobre o possível motivo ou autor e ambas destacaram a gravidade do incidente, embora tenha ocorrido perto, mas fora do seu território, nem Von der Leyen apontou nenhum alegado autor.
A NATO, Rússia, Estados Unidos e Alemanha também evitaram especulações até obterem mais informações sobre o assunto.
Um instituto sísmico sueco anunciou que a Suécia detetou duas explosões submarinas, "muito provavelmente devido a detonações", perto dos locais onde foram detetadas fugas nos gasodutos que transportam gás russo para a Europa.
As autoridades dinamarquesas e suecas detetaram fugas no gasoduto Nord Stream 1, que a Rússia encerrou no início de setembro, e no gasoduto Nord Stream 2, que nunca foi posto em funcionamento, devido à falta de autorização da Alemanha, na sequência da invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro.
Apesar de não estarem operacionais, os dois gasodutos operados por um consórcio da gigante russa Gazprom estavam cheios de gás.
A Ucrânia acusou na terça-feira a Rússia de responsabilidade pelas fugas nos gasodutos, denunciando um "ataque terrorista" contra a União Europeia.
"A fuga de gás em grande escala do Nord Stream 1 não é mais do que um ataque terrorista planeado pela Rússia e um ato de agressão contra a União Europeia", disse o conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podoliak no Twitter, citado pela agência de notícias francesa AFP.