Bons e maus sinais da pandemia (e Trump ainda a fazer 'reféns')

Os números de covid-19 estão a baixar no país, mas o impacto na economia persiste e há menos vacinas disponíveis do que se esperava ter nesta fase.
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SÁBADO, 13 DE FEVEREIRO

Trump foi o primeiro presidente dos Estados Unidos a enfrentar dois impeachment, mas tal como na primeira vez o processo não alcançou os dois terços no Senado, embora agora sete senadores republicanos tenham votado ao lado dos democratas (57 a favor/43 contra). Mitch McConnell, líder da minoria republicana, considerou Trump "moralmente responsável" pela invasão ao Capitólio (o que enfureceu o ex-presidente), a 6 de janeiro, mas ainda assim votou contra, alegando que o antigo inquilino da Casa Branca não podia ser alvo de impeachment por já não estar em funções. O mesmo McConnell que impediu que o processo fosse julgado ainda antes da tomada de posse de Biden. "Hipocrisia", "cobardia", "infâmia" - assim reagiram os democratas ao resultado que permite a Trump candidatar-se a cargos públicos no futuro e que tornou evidente como o partido republicano ainda é refém dos quase 75 milhões de votos que o empresário conseguiu em novembro.

DOMINGO, 14 DE FEVEREIRO

Foi um dia animador no combate à covid-19 em Portugal. O registo de 1677 novos casos de infeção foi o mais baixo desde 27 de dezembro. A semana fechou com pouco mais de 20 mil novos infetados (20342), menos de metade dos registados nos sete dias anteriores (44898). Foram, aliás, menos 110 novos casos do que na semana do Natal (21/12 a 27/12), período em que foi permitida a livre circulação, dando origem a reuniões de família por todo o país, que abriram as portas a novas cadeias de transmissão e a um número alarmante de contágios que colocou à prova os limites do SNS. A única forma de travar esta escalada foi obrigar os portugueses a um novo (e cada vez mais insuportável) confinamento. Os resultados começam a aparecer, mas ainda é cedo para dar o esforço por terminado. 1163 mortes por covid-19 em sete dias (mais 678 que na semana do Natal) falam por si.

SEGUNDA-FEIRA, 15 DE FEVEREIRO

O turismo, por todos os agentes económicos que move e alimenta, das gigantes companhias áreas aos microempresários em nome individual, é sem dúvida o setor mais afetado pela pandemia. No caso de Portugal, a covid-19 foi um tremendo balde de água fria depois de anos sucessivos a bater recordes de visitas e a consolidar o país como um destino que, mais do que uma moda, já era escolhido para acolher grandes conferências e eventos, grandes investimentos imobiliários (e não só). Mas ninguém podia adivinhar o que traria 2020. Os dados no INE expõem uma dura realidade: no ano passado, a pandemia afastou 12 milhões de turistas estrangeiros do país e tirou 3 mil milhões de euros em receita. Sendo certo que recuperar o que se perdeu, a ser possível, irá demorar muito mais do que um ano.

TERÇA-FEIRA, 16 DE FEVEREIRO

"Não conheço quem não gostasse da Carmen, fala-se dela e a classe inteira mostra respeito e admiração". A frase do encenador e diretor do Teatro Experimental de Cascais, Carlos Avilez, é uma boa síntese do sentimento que trespassou das reações que se seguiram à morte da atriz Carmen Dolores, aos 96 anos. Uma vida longa e rica, tal como a carreira de 60 anos que começou a recitar poesia na rádio e lhe abriu as portas do teatro (a paixão que falou sempre mais alto), do cinema e da televisão. Sempre com "rigor e elegância", como notou Marcelo Rebelo de Sousa, o percurso de Carmen Dolores tornou-a não só um dos rostos mais conhecidos dos portugueses como também lhe granjeou o total "respeito e admiração" da classe, de que fala Carlos Avilez.

QUARTA-FEIRA, 17 DE FEVEREIRO

As escolas fecharam portas a 22 de janeiro. Uma medida necessária para que o novo confinamento imposto ao país pudesse, realmente, produzir efeitos no combate à pandemia, porque obrigava de uma assentada alunos e pais a ficar em casa, reduzindo naturalmente os contactos e exposição ao vírus. Mas foram precisos 28 dias - e, não menos importante, uma ameaça de maioria negativa no parlamento - para o governo revelar que ia ter um apoio para alguns pais que têm de conciliar teletrabalho e assistência aos filhos. São medidas que se querem por pouco tempo, pois isso significava que a pandemia tinha regredido o suficiente para se voltar ao ensino presencial, mas que já chegaram tarde e aos tropeções.

QUINTA-FEIRA, 18 DE FEVEREIRO

No mesmo dia em que o recebeu da Assembleia da República, Marcelo enviou para Tribunal Constitucional o diploma do parlamento que despenaliza a morte medicamente assistida. Um diploma que tinha sido aprovado a 29 de janeiro por uma clara maioria de deputados (136 votos a favor), de vários quadrantes políticos, e que resultou da junção de cinco projetos (PS, BE, PAN, PEV e IL). Ainda assim, o Presidente foi rápido em pedir a fiscalização preventiva do TC, considerando que o diploma tem "uma forte dimensão de subjetividade" e que o legislador "não fornece ao médico interveniente no procedimento um quadro legislativo minimamente seguro que possa guiar a sua atuação". Esta foi apenas a segunda vez em que Marcelo recorreu ao TC desde que assumiu a chefia do Estado, em 9 de março de 2016.

SEXTA-FEIRA, 19 DE FEVEREIRO

A escassez de vacinas, um problema que não é exclusivo de Portugal (estava previsto que chegassem ao país quatro milhões de doses até final de março, mas neste momento só estão garantidas 2,5 milhões), tornou necessário adaptar o plano de vacinação. Proteger quem é mais vulnerável foi uma decisão lógica. A task force agora coordenada pelo militar Gouveia e Melo definiu que o grosso das vacinas disponíveis (90%, como disse à Rádio Renascença) será administrado a quem tem 80 ou mais anos e a pessoas entre os 50 e os 79 anos com uma das quatro doenças de maior risco para a covid-19 (cardíaca, coronária, renal e respiratória grave). Os outros 10%, serão para "ir ganhando resiliência nos diversos serviços do Estado".

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