Bolsonaro volta a atacar o sistema de votação eletrónico
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, renovou esta quinta-feira os seus ataques ao sistema de votação eletrónica do país quando faltam poucos meses para as eleições presidenciais de outubro, nas quais irá enfrentar o candidato de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT).
O candidato à reeleição pelo Partido Liberal (PL), que está atrás do ex-presidente Lula nas sondagens, há muito procura desacreditar o sistema de votação em vigor desde 1996, tendo referido no ano passado que não reconheceria os resultados das eleições a menos que toda a operação fosse substituída.
"Não podemos ter um sistema eleitoral sobre o qual paira a sombra da suspeita", disse Bolsonaro durante uma reunião no Rio de Janeiro, realizada esta quinta-feira.
Os eleitores no Brasil votam eletronicamente nas urnas, mas o atual presidente defende há muito tempo que deve ser feita uma impressão em papel a cada voto, sugerindo que a ausência do voto impresso facilita a manipulação dos resultados.
Bolsonaro não apresentou, no entanto, provas de fraude, e o Tribunal Superior Eleitoral insiste que o sistema é transparente e nunca foi manchado por irregularidades.
A votação eletrónica permite resultados eleitorais no mesmo dia num país com 213 milhões de habitantes.
No início deste mês, Bolsonaro afirmou que o seu partido político assinaria um contrato com uma empresa privada para auditar o processo eleitoral. E já esta semana avisou que o Brasil pode ter eleições "turbulentas".
"Imagine que, na noite da votação, um lado ou outro tem a suspeita de que a eleição não foi bem feita. Não queremos isso", disse hoje o presidente brasileiro.
Devido às constantes dúvidas sobre o sistema eleitoral, levantadas por Bolsonaro, o Supremo Tribunal Federal decidiu abrir uma investigação.
Analistas temem Bolsonaro possa recusar aceitar a derrota num cenário semelhante ao da invasão do Capitólio, a 6 de janeiro de 2021, por apoiantes de Donald Trump, o ex-presidente dos EUA que é admirado por Bolsonaro .