Bolsonaro rompe com o seu próprio partido
Jair Bolsonaro decidiu romper com o próprio partido, o Partido Social Liberal, ao qual se filiara no ano passado. O presidente da República do Brasil fica assim sem ligação a nenhuma força política, situação inédita desde a redemocratização, em 1988.
Bolsonaro já comunicou a aliados, conta parte da imprensa brasileira, da sua intenção de abandonar os sociais liberais, uma medida que cogitava há semanas. Ontem, o presidente da República, enquanto era cumprimentado por um apoiante perto da sua residência oficial, cochichou-lhe ao ouvido, mas da forma a que os jornalistas ouvissem, para ele "esquecer o PSL". E acrescentou que o presidente do partido, Luciano Bivar, "está queimado".
Bivar, entretanto, disse já hoje que foi ele quem afastou Bolsonaro do PSL porque, afirmou ao canal Globonews, "não estamos num grémio [associação] estudantil". "Ele não tem mais relação alguma com o partido", concluiu.
Na base da decisão de Bolsonaro (e de Bivar) estão escândalos de corrupção na campanha - como a promoção, com o fundo público eleitoral, de candidaturas femininas falsas - e a desordem do seu grupo parlamentar. Antes de Bolsonaro, o PSL tinha um deputado, depois dele ficou com mais de 50, sendo a segunda maior força legislativa atrás apenas do Partido dos Trabalhadores.
Se Bolsonaro vier a integrar uma nova força, já criada ou por criar, situação ainda em aberto, será o nono partido da sua carreira política, iniciada há cerca de 30 anos.