Bolseiros lançam carta aberta em defesa da ciência
Os investigadores e membros da Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) estão apreensivos com "o crescente desinvestimento" e "o défice de estratégia" em relação ao sistema científico nacional por parte da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e respetiva tutela e, por isso, apresentaram esta tarde uma "Carta Aberta em Defesa da Ciência em Portugal", já subscrita, entre outros, por personalidades como o físico e professor da Universidade de Coimbra Carlos Fiolhais, ou o cientista Sobrinho Simões.
"O atual modelo económico de baixo investimento na ciência e nos seus recursos humanos condena irremediavelmente a renovação dos sistema científico com novas gerações" e "significa o desinvestimento na capacidade de encontrarmos soluções (...) para o "relançamento de uma economia e sociedade baseadas no conhecimento", lê-se na carta aberta da ABIC.
Os bolseiros criticam a diminuição das bolsas individuais atribuídas pela FCT para doutoramento e pós-doutoramento no último concurso (de 1875 para 853), a quebra no financiamento de projetos no mesmo período (de 647 para 231) e ainda nas verbas para o funcionamento das unidades de investigação, que estão em fase de avaliação.
"Os resultados da primeira fase dessa avaliação deixa praticamente metade das instituições sem financiamento ou com financiamento residual, o que põe em causa anos de trabalho e a própria continuação das equipas", sublinha André Janeco, bolseiro de doutoramento e dirigente da ABIC.
A associação de bolseiros pretende com a sua carta, que está disponível para subscrição em http://cartaaberta.pt.vu/, suscitar o debate junto da comunidade científica "e recolher contributos para alternativas à actual política científica", explica André Janeco.
A ABIC entregará o documento ao Governo ainda antes da discussão do Orçamento de Estado, no que será "um momento de luta", mas também "um contributo para alterar a atual situação" no sistema científico nacional.