Boeing. "Peço desculpa às famílias"

Administrador faz ato de contrição, depois dos acidentes com duas aeronaves 737 Max em outubro e março, em que morreram 346 pessoas. Empresa conta agora ter a certificação para a atualização do <em>software</em> de controlo de voo.
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É um novo ato de contrição do presidente da Boeing, depois dos acidentes com duas aeronaves 737 Max em outubro de 2018 e de março deste ano, em que morreram 346 pessoas. "Pessoalmente, peço desculpa às famílias, como já o disse anteriormente, sentimo-nos muito mal com estes acidentes, e pedimos desculpa pelo que aconteceu, lamentamos a perda de vidas nos dois acidentes", afirmou Dennis Muilenburgno programa CBS Evening News, da cadeia de televisão americana.

Em abril, Muilenburg já tinha dirigido um primeiro pedido de desculpas, que as famílias das vítimas disseram pecar por tardio. Agora, na entrevista à CBS News, administrador da Boeing, voltou a pedir desculpas. "Lamentamos o impacto para as famílias e os seus entes queridos que estão por trás, e isso nunca mudará - estará sempre connosco. Posso dizer que isto me afeta diretamente como líder dessa empresa, é muito difícil."

Dennis Muilenburg carrega o peso de liderar uma empresa que tem responsabilidades diretas nos acidentes que provocaram aqueles 346 mortos, por um problema detetado nos Boeing 737 Max, que até aí era o modelo mais vendido da companhia americana.

Primeiro foi o voo 610 da Lion Air, em 29 de outubro de 2018, que caiu no mar de Java, 12 minutos depois de ter descolado do aeroporto de Jacarta. Morreram as 189 pessoas que seguiam a bordo. Apesar das suspeitas de problemas técnicos, a empresa abriu um inquérito mas demorou a dizer qual era o problema e, em 10 de março passado, foi a vez do voo 302 da Ethiopian Airlines cair no solo, nas proximidades da localidade etíope de Bishoftu, apenas seis minutos depois de sair do aeroporto de Adis Abeba. O alarme soou e fez aterrar todos os Boeing 737 Max.

"Não podemos mudar o que aconteceu nesses acidentes, mas podemos estar absolutamente determinados no que faremos em termos de segurança", apontou Muilenburg, voltanto a desculpar-se. "Sinto muito por isto, pedimos desculpas às famílias que foram afetadas, e pedimos desculpas mais amplamente ao público que viaja para quem a confiança foi afetada."

Agora, a empresa espera poder ter a certificação da Federal Aviation Administration (FAA) para uma atualização do software de controlo de voo, que corrigiu o erro que esteve na origem dos dois acidentes. "Estamos a assumir a responsabilidade. Sabemos que temos melhorias que podemos fazer. Vamos fazer essas melhorias e estamos comprometidos com a segurança a longo prazo", reafirmou Muilenburg.

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