Bodas de porcelana do Queer Lisboa destacam Derek Jarman

As novidades da programação da 20ª edição do Queer Lisboa,e do recente Queer Porto foram ontem divulgadas.
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São 20 anos de Queer Lisboa. Aquele que nos primeiros tempos se designava Festival de Cinema Gay e Lésbico chega à capital em setembro, de 16 a 24, e assinala também a 2ª edição no Porto, de 5 a 9 de outubro. Anunciadas ontem as novidades do evento, o diretor, João Ferreira, expressou ao DN a vontade de regresso às origens, ou não fosse anunciado Derek Jarman para retrospetiva em Lisboa: "Fazia sentido recuperar um realizador ao qual dedicámos tanta atenção no início. Há já algum tempo que esta retrospetiva estava a ser pensada e organizada, e muitos dos filmes em Super 8 de Jarman só agora estão a ser recuperados. A colaboração do seu produtor, James Mackay, que estará em Lisboa para o Festival, foi fundamental em todo o processo. Uma feliz coincidência."

A Cinemateca será a sala principal desta redescoberta do realizador britânico, autor de Caravaggio e The Last of England - "um dos nomes mais transgressores e influentes do cinema queer", como sublinhou -, e a ocasião presta-se ainda ao debate da obra com especialistas, como o ator Keith Collins e o realizador John Scarlett-Davis, além de James Mackay. São mais de 40 títulos em exibição, entre curtas-metragens inéditas e um documentário experimental sobre o grupo Orange Juice.

Absolutely Fabulous: The Movie, para a abertura em Lisboa e encerramento no Porto, e Looking: The Movie, a fechar a vigésima edição, são os filmes que balizam o Festival, com origem em séries televisivas, evidenciando uma realidade à qual o Queer presta atenção: "Estes dois filmes, apesar de adaptados do formato televisivo, têm em comum a preocupação da criar de uma linguagem de cinema. E acabaram por ser também incontornáveis, pois o Absolutely Fabulous marcou toda uma geração e criou personagens ainda hoje largamente citadas. O Looking, mais recente, é um dos maiores fenómenos virais, com enorme projeção nos espectadores queer", diz João Ferreira.

Por sua vez, esta segunda edição Queer no Porto, fica assinalada por uma mostra de New Queer Cinema: "era pertinente dar a conhecer um conjunto de filmes que formaram um movimento que alterou o panorama, não apenas do cinema queer, mas do cinema independente americano. O New Queer Cinema surge, cunhado com esse nome, nos primeiros anos da década de 1990, a propósito de uma "nova vaga" de filmes apresentados em Sundance, que chamaram a atenção da crítica. Estas novas propostas vieram romper com uma longa linhagem de representação de personagens queer".

E nesta retrospetiva, com filmes de Todd Haynes, Gus Van Sant, Gregg Araki... o diretor do Festival destaca Swoon, de Tom Kalin: "Um caso de dois amantes masculinos que, no início do século, cometeram um assassinato em Chicago. O filme de Kalin não só não teme mostrar este lado mais cruel das personagens, como se insere numa nova preocupação destes cineastas que é a de recuperar para si a memória cultural e social de indivíduos e comunidades queer." O realizador deste filme será a presença forte na cidade do Porto, onde dará uma master class.

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