Imagine 49 mil campos de futebol, mas o que está em jogo é a água. Esta é a visão para quase todo o Alentejo até 2020. O Alqueva vai ser ampliado de forma a levar água para abastecimento público a mais cinco concelhos, num investimento de cerca de 210 milhões de euros. O plano de expansão do regadio do maior lago artificial da Europa - com uma área de 250 quilómetros quadrados e que hoje rega 120 mil hectares - é apresentado nesta manhã pelo ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, em Reguengos de Monsaraz.."É um dia importante, assinala a retoma do investimento no Alqueva. É o dia 1 da nova era do Alqueva. Amanhã [hoje] é lançado o primeiro bloco do plano de expansão, o de Reguengos, que irá beneficiar mais de dez mil hectares, numa zona em que a agricultura é muito produtiva, das melhores de Portugal, e onde os agricultores em algumas circunstâncias já estão a usar camiões-cisternas para regar as suas explorações", afirmou ao DN Capoulas Santos..Este investimento em Reguengos, que consiste na construção de raiz de uma zona de armazenamento e de regadio, está orçado em 39 milhões de euros. É o mais elevado dos novos 13 braços do Alqueva, espalhados um pouco por toda a região do Alentejo, sendo sete no distrito de Beja, cinco no de Évora e um no de Setúbal (Ermidas-Sado, no concelho de Santiago do Cacém)..O conjunto de obras que o governo quer ter concluídas até 2022 irá criar um total de 49 427 hectares de regadio. Além dos blocos de rega, a ampliação prevê também um elevado investimento numa ligação para levar água do Alqueva aos concelhos de Castro Verde, Almodôvar e Ourique e a parte dos de Odemira e Mértola, no distrito de Beja.."Esta é a resposta que o governo está a dar à questão da seca e de combate às alterações climáticas, numa perspetiva de longo prazo. A única maneira de garantir uma agricultura competitiva e sustentável é garantir água, que tem de ser gerida eficientemente e por isso é que é possível que a mesma água que estava prevista para regar 120 mil hectares passa a regar 170 mil", disse o ministro..A ampliação do Alqueva, segundo explicou Capoulas Santos, tornou-se possível depois de ano e meio de negociações com bancos estrangeiros para o financiamento do projeto.."O governo anterior tinha excluído o Alqueva do programa de desenvolvimento rural e nós arrancamos com o projeto. As negociações ficaram fechadas há umas semanas com o Banco Europeu de Investimento e com o Banco do Conselho da Europa. Agora estamos em condições de começar a lançar os diferentes blocos de rega e fazer um conjunto de melhoramentos em equipamentos de bombagem , reforço das estações elevatórias, para um investimento total que representa 222,3 milhões de euros", salienta..A ampliação do projeto do Alqueva enquadra-se no Plano Nacional de Regadios - a ser apresentado muito em breve -, que vai implicar um custo global de 500 milhões de euros para requalificar antigos regadios ou construir novos para beneficiar uma área total de 90 mil hectares.." Vai ser feito um investimento por todo o país, de norte a sul, alguns já estão em fase de arranque, outros em fase de obra, como o regadio de Óbidos", explica o ministro da Agricultura..Após 2400 milhões de euros de investimento - distribuídos pelas valências agrícola, energética e de abastecimento público - 21 anos de obras e 15 a encher, o Alqueva, localizado no coração do Alentejo, no rio Guadiana, produz atualmente energia, abastece cerca de 200 mil lares e rega 120 mil hectares..O fecho das comportas da barragem ocorreu faz no próximo dia 8 de fevereiro 16 anos e marcou o início do enchimento da albufeira, cuja capacidade de armazenamento é superior a 4,1 milhões de metros cúbicos, o que permite aguentar três anos de seca extrema como a vivida neste ano em Portugal.