Bloco: Não era preciso bola de cristal para prever queda

O Bloco de Esquerda está "extremamente preocupado" com os números da execução orçamental relativos a maio, hoje divulgados pelo Governo, mas diz que "não era preciso ter uma bola de cristal" para antecipar a queda da receita fiscal.
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De acordo com o boletim de execução orçamental hoje divulgado pela Direção-Geral do Orçamento (DGO), a receita fiscal do Estado caiu 3,5 por cento e a despesa com a função pública caiu 7,2 por cento nos primeiros cinco meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2011. Na quinta-feira, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, reconheceu que "a informação disponível sobre o comportamento das receitas não é positiva".

"Não era preciso ter uma bola de cristal para adivinhar que, depois de aumentar os impostos para lá do aceitável, depois de fazer cortes brutais no investimento reduzindo-o quase a zero, depois de cortar no rendimento das famílias, íamos ter como resultado o agudizar da recessão e o disparar do desemprego", afirmou Pedro Filipe Soares, deputado do BE, em declarações à agência Lusa.

Para o bloquista, com esta execução orçamental de "quase metade do ano", é preciso que o Governo "reconheça que errou e que este não é o caminho que consiga tirar Portugal da crise".

Pedro Filipe Soares acredita que este caminho de austeridade "está a levar o país ainda mais fundo na recessão" e, por isso, disse, o Bloco de Esquerda vai interrogar a tutela na próxima terça-feira, na audição do ministro das Finanças na Assembleia da República.

"Vamos questioná-lo [a Vítor Gaspar] sobre as suas opções, porque o ministro dizia que este caminho iria trazer uma saída ao país, iria ajudar a consolidar as contas públicas e nós vemos exatamente o contrário: este caminho, a ser seguido, vai levar ainda à adoção de novas medidas de austeridade", afirmou o deputado, acrescentando que "persistir no erro é o desastre do país".

Os números da execução orçamental até maio implicam "um aumento dos riscos e incertezas" quanto à possibilidade de cumprir a meta para o défice este ano, lê-se no boletim da DGO.

"Não obstante não se poderem fazer extrapolações lineares para o conjunto do ano, a informação agora disponível sugere um aumento dos riscos e incertezas da execução orçamental", alerta o documento da DGO.

Este aumento dos riscos deve-se a um resultado inferior ao esperado da receita fiscal do Estado (caiu 3,5 por cento) e ao aumento acima do previsto do desemprego - que afeta o resultado da Segurança Social através de uma redução nas contribuições sociais (3,1 por cento) e do aumento dos gastos com subsídios.

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