Numa declaração política no Parlamento, o coordenador bloquista, João Semedo, acusou Álvaro Santos Pereira de "uma tentativa grosseira de manipular a comissão parlamentar e enganar o Parlamento" ao divulgar cartas supostamente escritas por Franquelim Alves para tentar "reescrever a história do BPN/SLN".."Este mito, esta lenda de Franquelim Alves, lutando contra tudo e contra todos, doesse a quem doesse, sempre à procura da verdade e da transparência, em busca dos culpados e das fraudes que cometeram, esbarra estrondosamente com a realidade do que foi a sua atuação na administração do grupo BPN/SLN", afirmou.."Não se trata de julgar Franquelim Alves na praça pública, trata-se de reconhecer uma evidência, quem silenciou o que se passava no grupo BPN, quem ocultou o que já sabia sobre esta gigantesca fraude, não pode ser secretário de Estado, não tem idoneidade para gerir assuntos do Estado", sustentou o líder do BE..Num debate em que PCP, PS e PEV também deixaram críticas a esta nomeação, João Semedo defendeu que tanto o ministro como o secretário de Estado devem ser demitidos.."Ambos devem ser demitidos, Franquelim Alves pelo currículo, Álvaro Santos Pereira pela escolha deste secretário de Estado e pela forma grosseira como ontem tentou enganar o Parlamento e a opinião pública, o país espera e reclama que o primeiro-ministro os demita", advogou..Das bancadas da maioria, apenas o PSD pediu a palavra para acusar João Semedo de fazer "pura chicana política", ripostando que o BE mantém a confiança política na sua única presidente de Câmara, em Salvaterra de Magos, quando esta é "acusada" num processo.."O doutor Franquelim Alves desempenhava funções públicas antes de ser secretário de Estado, não foi acusado em nenhum processo, não é arguido nem nenhum processo, nada corre contra ele, só por má-fé é que se pode fazer uma perseguição política destas, mas a única presidente de Câmara do vosso partido é acusada e mantêm-lhe a confiança política", criticou o social-democrata Duarte Pacheco..Na resposta, João Semedo disse que o PSD não tem argumentos: "Estamos aqui a falar de um buraco de quatro mil milhões que como o senhor sabe pode chegar a sete mil milhões e vem-me falar disso, falsificando o que se passa em Salvaterra de Magos".."Quando quiser discutir aqui a qualidade dos nossos autarcas estamos disponíveis, mas não é disso que falei, do que falei e mantenho, pela atividade e pela forma como Franquelim Alves desempenhou funções [no BPN] revelou não ter idoneidade para tratar dos assuntos e negócios do Estado e para defender o interesse público", acrescentou..O coordenador do BE referiu-se ainda ao silêncio do CDS-PP e citou declarações do deputado centrista Manuel Isaac publicadas hoje um jornal regional em que condena este processo..""O Governo está de pedra e cal, mas episódios como o de Franquelim Alves podiam ser evitados'. Está tudo dito sobre o que o CDS pensa e cala, está aqui explicado o silêncio do CDS-PP", disse..Também o PCP, pelo deputado Honório Novo, considerou que o problema desta nomeação é "uma questão de ética e de ideoneidade política para desempenhar um cargo e não outras razões que são apenas manobras".."O desempenho do ministro Álvaro Santos Pereira foi verdadeiramente patético. Dizer que tinha sido o doutor Franquelim Alves que tinha tomado a iniciativa de denunciar a fraude do BPN devia fazer corar de vergonha os deputados do PSD e do CDS que estiveram nas comissões de inquérito", afirmou o comunista..A deputada do PS Ana Catarina Mendes defendeu também estar em causa o comportamento de Franquelim Alves enquanto membro do BPN e pediu explicações ao Governo: "Tendo tido conhecimento de irregularidades gravíssimas, devia ter denunciado tudo o que se passava"..O PEV sugeriu ainda que pode haver uma incompatibilidade entre as funções de secretário de Estado da Inovação e do Empreendedorismo que Franquelim Alves assumiu e o cargo de administrador da Jerónimo Martins desempenhado há alguns anos, já que nesta pasta este deverá mediar negociações com os grupos de venda a retalho.