Bispo Edir Macedo da IURD apoia Bolsonaro

Líderes das igrejas evangélicas unem-se em torno do candidato líder das sondagens, já a pensar na segunda volta. Mas há quem divirja.
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O bispo Edir Macedo declarou nas suas páginas nas redes sociais apoio a Jair Bolsonaro, candidato à presidência pelo PSL, a pensar já na segunda volta. O líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) junta-se assim a outras referências da comunidade evangélica neopentecostal do Brasil, como Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Everaldo Pereira, pastor da Assembleia de Deus Ministério Madureira, Robson Rodovalho, líder da Sara Nossa Terra, e Hidekazu Takayama, o deputado que preside à frente suprapartidária da Câmara dos Deputados conhecida como "Bancada da Bíblia".

Apesar de o PRB, partido ligado à IURD, fazer parte da coligação em torno de Geraldo Alckmin, do PSDB, Macedo opta por Bolsonaro precavendo já uma disputa com Fernando Haddad, do PT, na segunda volta. Também o DEM, que apoia Alckmin por enquanto, vem assistindo a uma troca progressiva de candidato preferido entre os seus parlamentares de fé evangélica. O PSC, presidido pelo pastor Everaldo Pereira, que está coligado com Álvaro Dias (Podemos) na primeira volta, ensaiou já esse movimento na eventualidade de nova votação, no dia 28. O deputado Takayama, da "Bancada da Bíblia", é, aliás, filiado ao PSC.

Oficialmente católico, Bolsonaro prefere definir-se como "cristão" para não hostilizar esse importante segmento da população e, por consequência, do eleitorado. Entre a população evangélica, que cresce mais em relação à católica no país, o candidato de extema-direita recebe o apoio de 34%, mais do que o seu registo geral, de 28%, enquanto Haddad cai dos 22% no total para 17% entre protestantes. Os estudos efetuados pelas empresas de sondagens notam que o voto evangélico não é necessariamente anti-PT mas sobretudo contra o aborto e a agenda LGBT, pontos com que Bolsonaro se identifica.

"Há uma unanimidade de que ele foi o único a empunhar a bandeira da vida, da família, da igreja, da livre economia, da escola sem partido e contra a ideologia de género", afirmou Robson Rodovalho, da Sara Nova Terra. Silas Malafaia, o líder da Assembleia de Deus Glória em Cristo que presidiu ao casamento de Bolsonaro com a sua atual mulher, Michelle, também publicou vídeos de apoio ao candidato. E o pastor Everaldo, que batizou o capitão do exército nas águas do rio Jordão no ano passado, disse que "com a esquerda o PSC não vota de certeza". "A doutrinação esquerdista radical está caminho para um ateísmo que fere a igreja", afirmou, por sua vez, Takayama.

Movimento contrário

Nem todas as lideranças evangélicas estão, no entanto, com Bolsonaro. Para a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, movimento criado em 2016 contra o impeachment de Dilma Rousseff que reúne dez mil evangélicos de diferentes denominações, o presidenciável "nega valores básicos do Evangelho".

"Armar a população é estimular a barbárie, atribuindo ao cidadão a responsabilidade por sua defesa pessoal", lê-se em manifesto do movimento. "O Evangelho de Jesus Cristo defende a vida de todas as pessoas, especialmente a dos mais fracos, física, social, económica, educacional, racial e moralmente, foi entre essas pessoas que Jesus andou, tendo sido, ele mesmo, uma delas (...) a candidaduta de Bolsonaro é alimentada pelo ódio, sendo o oposto à proposta do Evangelho".

Os líderes do movimento apoiaram ainda as manifestações #elenão, organizadas contra o líder das sondagens no último sábado.

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