Bispo de Braga solidário com Carlos Azevedo e sacerdote acusador

O bispo de Braga, Jorge Ortiga, expressou hoje "solidariedade" ao ex-bispo auxiliar de Lisboa Carlos Azevedo, acusado de assédio sexual, e ao sacerdote que denunciou o caso, dizendo saber que ambos "estão a sofrer imenso".
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Jorge Ortiga, à margem da eucaristia que marca o início das comemorações dos 500 anos da Misericórdia de Braga, não quis prestar mais declarações sobre as acusações que o bispo Carlos Azevedo enfrenta, falando apenas em solidariedade "afetiva e efetiva".

A edição de quinta-feira da revista Visão dá conta de uma acusação de assédio sexual feita ao ex-bispo auxiliar de Lisboa, feita pelo atual coordenador nacional das capelanias hospitalares, cujos factos se iniciaram na década de 80 até anos mais recentes e que Carlos Azevedo já negou "totalmente".

"Quero expressar publicamente a minha solidariedade, como nós dizemos, afetiva e efetiva, às duas pessoas que estão implicadas, particularmente ao D. Carlos, e também ao outro sacerdote, que sei que estão a sofrer imenso e que sofrem também porque têm um grande amor à Igreja", declarou Jorge Ortiga.

O representante da Santa Sé em Portugal terá recebido em 2010 uma queixa de um sacerdote e atual coordenador nacional das capelanias hospitalares, validando-a e desencadeando um inquérito realizado pela Nunciatura que, segundo a Visão, permitiu referenciar outros casos suspeitos, mas do qual não são conhecidos resultados.

No entanto, Carlos Azevedo garante não ter sido contactado pela Nunciatura sobre o processo, referido e que "nunca" foi chamado a "depor sobre qualquer processo" por nenhum membro eclesiástico.

"Nego totalmente a acusação de assédio sexual", afirmou Carlos Azevedo, em declarações à SIC.

O bispo, atual membro do Conselho Pontifício da Cultura do Vaticano, afirmou ainda que "remexer em assuntos de há 30 anos não serve de modo ético a informação mas visa meramente sensacionalismo para destruir pessoas".

Carlos Azevedo admitiu ter conhecido a "pessoa em causa" quando ela "era já adulta e grande" e que o contacto com a mesma "foi só um acompanhamento" no Seminário do Porto.

"De maneira nenhuma tive qualquer relação com essa pessoa. Não há atitude de assédio para com ninguém nem nunca ninguém teve qualquer reparo nesse sentido comigo", frisou.

Em comunicado, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse que Carlos Azevedo conta com a "oração fraterna" do episcopado.

Também o porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, afirmou que Roma, desconhece a existência de averiguações sobre as acusações de assédio sexual contra o bispo português Carlos Azevedo.

O bispo português "é uma pessoa que estimamos muito, que cumpre muito bem as suas funções no Conselho Pontifício da Cultura. Não me parece que haja um processo em curso contra ele e, portanto, consideramo-lo com pleno respeito e plena dignidade", disse Lombardi a jornalistas portugueses em Roma, citado pela agência Ecclesia.

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