Biólogos afastam barcos dos golfinhos no estuário do Sado

População de roaz corvineiro é hoje de apenas 25 elementos, dos quais 14 têm uma idade avançada. Há 20 anos, grupo tinha 40 indivíduos.
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As pequenas embarcações de recreio e as motos de água vão ter novas regras para navegar no estuário do Sado, ao serem apontadas como as principais causadoras de perturbações para a ameaçada comunidade de golfinhos. No plano de salvaguarda do roaz corvineiro, apresentado ontem em Setúbal pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), foi garantido que as restrições ao tráfego marítimo vão começar já este Verão e que em breve serão criados corredores de navegação, distantes dos locais mais frequentados pelo cetáceo.

O diagnóstico dá pouca margem de manobra aos biólogos, quando a população de golfinhos se restringe a 25 elementos (há 20 anos eram 40), dos quais 14 são adultos já com uma idade avançada e com uma esperança máxima de sobrevivência que não vai além dos 15 anos. A ausência de novos nascimentos adivinha o agravamento do declínio do efectivo.

É por isso que Marina Sequeira, bióloga no estuário do Sado, alerta para a necessidade de se agir "rapidamente" sobre as ameaças externas, colocando o tráfego marítimo entre as prioridades. Este vai merecer apertada vigilância já esta época balnear, com a criação de uma "equipa de mar" e o apoio da Polícia Marítima. Vai ainda ser feito um trabalho conjunto entre o porto de Setúbal e a Marinha. "Nós não podemos impedir o tráfego, mas vamos tentar controlar as entradas e saídas do estuário, para que se faça de forma ordeira e se evitem as perseguições aos animais", justifica Marina Sequeira, revelando que o tráfego dos grandes navios vai continuar a processar-se como até aqui.

A monitorização da água e o combate à pesca ilegal, para a qual o ICNB anuncia "mão pesada", são as outras prioridades apresentadas no estudo, segundo o secretário de Estado do Ambiente. Humberto Rosa, alerta para a possibilidade do plano "poder falhar", já que os biólogos "não vão actuar sobre as ameaças intrínsecas".

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