Em documentário, os Clinton falam do caso Lewinsky: "Foi uma forma de gerir ansiedades"

O ex-presidente e a mulher Hillary abordam o caso sexual com a estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky em nova séria documental. "Foi horrível o que eu fiz", admite Bill Clinton.
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Bill Clinton diz que teve o caso com Monica Lewinsky para ajudá-lo a lidar com o stresse de ser presidente, revela um documentário que estreou esta sexta-feira, intitulado Hillary em que o escândalo sexual que levou a um pedido de impeachment é abordado pelo Bill e Hillary Clinton.

Na série de quatro episódios da Hulu, Clinton diz que o relacionamento sexual com a então estagiária da Casa Branca foi uma forma de "administrar as minhas ansiedades" e que agora sentia-se "terrível" pelo facto de o caso ter definido a vida de Lewinsky.

"Foi horrível o que eu fiz", acrescentou o político de 73 anos. "Às vezes, fazemos coisas que não devemos fazer."

Clinton descreveu o caso como motivado pelas "pressões, deceções e terrores da vida, temores de tudo, coisas que fiz para administrar as minhas ansiedades durante anos".

Bill e Hillary Clinton foram entrevistados, separadamente, sobre o que recordam da época na série intitulada "Hillary", focada na vida da ex-primeira dama.

O relacionamento sexual de Clinton com Lewinsky e a subsequente negação sob juramento levaram ao processo de impeachment em dezembro de 1998. Foi absolvido pelo Senado em fevereiro de 1999, mas o escândalo marcou a sua presidência.

Hillary Clinton diz que se sentiu "arrasada e muito magoada pessoalmente" quando o marido contou o caso.

Os dois conversam sobre como Hillary disse ao marido para informar a filha Chelsea antes que a notícia se tornasse pública. "Então, fiz isso, o que foi horrível", disse o ex-presidente.

Bill Clinton insistiu que ninguém na sua posição pensaria nos riscos que estava a assumir ao ter o caso. "Uma pessoa sente que está a cambalear, participou de um combate de 15 rounds que foi estendido para 30 rounds e aqui está algo que vai tirar a sua mente disso durante um tempo. É isso que acontece", explicou Clinton.

O 42º presidente também reflete sobre como o incidente afetou Lewinsky, que tinha 22 anos quando o caso de dois anos começou em 1995, dizendo que acha que a vida dela foi "injustamente" afetada.

"Ao longo dos anos, observei-a tentando recuperar uma vida normal. Mas é preciso decidir como definir a normalidade", disse ao entrevistador.

Ambos os Clintons refletem ainda sobre a decisão de Hillary em apoiar o marido. A mulher disse que foi criticada e elogiada ao longo dos anos e sugeriu que o acerto de contas global #MeToo contra homens que abusam de posições de poder levou as pessoas a ver a sua decisão de maneira diferente.

"É um momento engraçado em que vivemos, o tipo de opinião pública muda e as pessoas dizem: 'Oh, tão nobre, ela permaneceu no seu casamento' para 'Oh, é tão incompreensível que ela permanecesse com o seu casamento'", diz Hillary Clinton.

Durante o episódio de uma hora, Bill diz que se sentiu "tão agradecido" à sua mulher. "Deus sabe o peso que ela pagou por isso", disse o ex-presidente, que avalia como mudou nos mais de 20 anos desde o escândalo.

"Sou uma pessoa totalmente diferente do que era. Talvez esteja a ficar mais velho", diz.

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