O diretor de comunicação da ALPC António Silva, que falava à margem da manifestação dos lesados que hoje decorreu no Porto, disse à agência Lusa que, a par disso, decorre um outro abaixo-assinado que farão seguir para o Provedor de Justiça.."Havia uma provisão constituída para pagar aos clientes de retalho, que passou para o Novo Banco e que, uma vez criada para um determinado fim não pode ser atribuída a outra finalidade", disse o responsável..E mantendo o tom crítico, António Silva acusou: "Ao permitir isto, o que o Banco de Portugal está a fazer é uma expropriação"..Dando conta de que "há mais de 20 pessoas penhoradas pelas Finanças e pela Segurança Social", o lesado anunciou mais manifestações, até ao final do ano, no Porto e em Paris, capital de França. ."Em França, vamos fazer um protesto junto à embaixada portuguesa contra o BdP, em princípio antes do Natal e, no dia 28, estaremos novamente no Porto, aproveitando as férias dos emigrantes", informou..Considerando o que estão a fazer "um ato de desespero, mas também de esperança", este responsável da associação que nasceu há um ano, em rutura com a Associação dos Indignados do Papel Comercial, argumenta que "ninguém vai a um banco para ser roubado". .Numa manifestação que juntou cerca de 30 pessoas oriundas de Monção, Ceia, Castelo Branco, Espinho, Estarreja, Maia, Matosinhos e Oliveira do Bairro, a lesada Maria de Luz Pires disse conhecer "pessoas que já morreram por terem perdido todo o seu dinheiro neste processo"..Considerando que a "falta de união dos lesados é prejudicial" para quem luta para reaver o seu dinheiro, acusa a AIEPC -Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC) e os advogados de os estarem "a enganar"..Na terça-feira foi tornado público que o tribunal de Aveiro condenou o Novo Banco a pagar mais de 100 mil euros a um cliente a quem vendeu obrigações em dezembro de 2014, que acabariam por passar para o BES 'mau' em 2015 com perda do investimento..O BES, tal como era conhecido, acabou em 03 de agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros..O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num 'banco bom', denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos no BES, o 'banco mau' ('bad bank'), sem licença bancária.