Berlusconi mentiu e pagou a testemunhas

Silvio Berlusconi procedeu à "alteração sistemática de provas" e "compra de testemunhas" no caso 'Rubygate', de acordo com as atas do julgamento hoje divulgadas pelos media italianos. Neste processo, o antigo primeiro-ministro foi condenado a sete anos de prisão por abuso de poder e prostituição de menor.
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Os juízes do tribunal de Milão, que julgou o caso, consideram que Silvio Berlusconi evidenciou "capacidade" em alterar provas e corromper testemunhas, "persistindo na delinquência".

O coletivo considerou provada a "responsabilidade" e "direção" de Berlusconi na organização das chamadas "noites Bunga Bunga" em que as "jovens convidadas" para estas festas "deviam exibir-se sexualmente" e "ativamente satisfazer os desejos" do antigo primeiro-ministro italiano conhecido no seu país como 'Il Cavaliere'.

Em resultado destas conclusões, em junho último, Berlusconi foi condenado no caso 'Rubygate', do nome da jovem marroquina no centro das suas atenções, a sete anos de prisão e à interdição permanente de exercício de qualquer cargo público.

No processo, de acordo com os extratos divulgados nos media italianos, resultou evidente e "sem sombra de dúvida, que o condenado estava consciente de que Ruby era menor" na época dos acontecimentos, tendo então 17 anos. Ficou ainda "provado" que Berlusconi "teve relações sexuais com 'Ruby' em troca de dinheiro ou objetos de valor, como joias".

O antigo chefe do Governo, notam os juízes na sua decisão, desenvolveu "fortes pressões" para que o caso não se tornasse público e fosse investigado. Quando a jovem marroquina foi detida a 28 de maio de 2010 por suspeita de roubo, então em exercício de funções, Berlusconi não hesitou em telefonar ao chefe da polícia de Milão, afirmando que 'Ruby' era sobrinha do presidente egípcio Hosni Mubarak, demonstrando que "não hesitar em utilizar as suas funções para um interesse totalmente privado".

Berlusconi, que tem sido uma presença constante na política italiana há duas décadas, recorreu da sentença e um novo processo irá desenrolar-se em 2014. Entretanto, permanece ativo politicamente, tendo reativado a formação, Força Itália, com que ganhou as primeiras eleições em 1994.

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