Berlim explicada aos turistas por um sírio

Mohamad fugiu porque não quis servir no Exército de Assad. Na Alemanha estuda e faz tours guiadas em que compara a história da Alemanha e da Síria.
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Mohamad Othman é mais um exemplo de que se os refugiados sírios pudessem votar, Angela Merkel teria provavelmente quase mais um milhão de votos hoje. "Ela disse que não iam mandar ninguém embora e isso fez-nos vir para a Alemanha. Acho que ela é uma grande política. O que fez em relação aos refugiados fez de forma honesta, talvez não tenha concretizado da melhor forma, mas foi com boa intenção", diz ao DN o sírio de 27 anos, enquanto espera que cheguem todos os que querem participar na visita guiada que vai fazer por Berlim.

Othman é um dos guias que colaboram com a Refugee Voices Tours, um projeto lançado pela britânica Lorna Cannon, como resposta às perguntas que os turistas lhe faziam sobre os refugiados quando passavam pelas ruas de Berlim.

Oriundo da zona de Damasco, fugiu porque não queria ir para o Exército, andar na guerra. Primeiro foi para a Líbía, para Bengazi, depois chegou à Itália, primeiro Sicília e depois Milão, a seguir Áustria e, finalmente, em 2014, à Alemanha. A tour, que dura duas horas, terminando depois com a ida a um restaurante sírio da capital alemã, começa pela Liepzig Strasse.

"Aqui foi onde, em 1953, protestaram as pessoas descontentes com o regime comunista da RDA", explica Mohamad, a um grupo que inclui pessoas dos EUA, Reino Unido, Suíça, Polónia, Usbequistão, Lituânia etc... Ao longo do percurso vai estabelecendo paralelos entre a história da Alemanha e da Síria, desde os tempos de Assad pai até aos de Assad filho, até chegar à guerra de hoje, com a oposição síria desorientada, o Estado Islâmico no terreno e a intervenção de vários países estrangeiros.

"Estão a ver o Checkpoint Charlie? Na Síria os checkpoints são algo muito presente no dia-a-dia. É algo que para vocês pode parecer estranho. Mas é algo que intimida. Que causa medo", lembra o sírio, que acabou de receber uma bolsa para estudar Economia e Ciência Política.

Não quer ser fotografado, pois a família ainda está na Síria e, por causa do que ele diz, pode sofrer represálias.

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