Bercow admite parcialidade, mas a favor do Parlamento

John Bercow, o homem que se tornou na figura maior do Brexit, rejeitou as acusações de parcialidade e diz que é seu papel dar voz às minorias.
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John Bercow diz que é "simplesmente justo" e nega ser parcial nas funções que exerce no Parlamento, em entrevista ao jornal italiano La Repubblica.

O speaker admite ser parcial, mas não da forma como os críticos dizem. "Sou imparcial no Parlamento, mas não imparcial sobre o Parlamento." E sustentou: "Se sou parcial, sou parcial a favor do Parlamento. O Parlamento deve ser ouvido. O Parlamento tem o direito de intervir. O Parlamento deve ter tempo. O Parlamento deve ser respeitado pelo governo e também pela oposição."

Sobre a forma como conduz os trabalhos afirma que quer ouvir todas as opiniões sobre uma questão, inclusive durante o processo do Brexit. "Há anos houve uma altura em que os eurófilos, pró-europeus, costumavam criticar-me por selecionar perguntas urgentes dos apoiantes do Brexit quando estavam em minoria", disse Bercow. "E agora os apoiantes do Brexit criticam-me por ter escolhido perguntas ou emendas dos que querem permanecer na UE. Por outras palavras, em alturas diferentes, incomodei ambos os lados."

Sobre as minorias diz que tem a sensibilidade da maioria dos presidentes dos parlamentos. "Penso que é importante dar voz às minorias na Câmara, não apenas à opinião do governo ou da maioria, mas à minoria da opinião dissidente."

Facilmente reconhecido graças à sua voz tonitruante, às intervenções humoradas e pelas gravatas de padrões excêntricos, Bercow diz que "é melhor tentar lidar com as coisas com humor, se possível, em vez de tudo ser mortalmente sério".

O speaker passou a protagonista no folhetim do Brexit quando avisou uma e outra vez a primeira-ministra Theresa May que não pode apresentar o acordo de retirada do Reino Unido da UE pela terceira vez para uma votação vinculativa sem uma mudança substancial.

Apesar do atual impasse, Bercow disse ao La Repubblica que estava otimista quanto ao futuro do Reino Unido, e disse que os britânicos sempre mostraram resiliência em tempos de crise.

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