Berardo, Salgado e Silvano: Há justiça em Portugal - e igual para todos
Tem-se alimentado a ideia falsa, diga-se já, de que não há Justiça em Portugal e a pouca que ainda existe não é igual para todos - uma para fracos, outra para fortes. Os casos mais recentes demonstram, porém, à saciedade, que as coisas não se passam bem assim e, provavelmente, só Rui Rio deve continuar a dizer que a Justiça entre nós é uma batata, passe o plebeísmo.
Berardo detido, Salgado julgado e alvo de forte acusação e José Silvano, o deputado das presenças-fantasmas, que também vai a julgamento, são, entre outros, exemplos que provam o que afirmo. O próprio Sócrates também será julgado, acusado de seis crimes.
A Justiça portuguesa só se dignifica e prestigia por atingir os mais poderosos, ao mesmo tempo que desmente a impunidade, outra falsa ideia que se propalou.
A Justiça é o pilar da democracia e, face ao que expus, não creio que seja necessária a tão desejada reforma que o líder do PSD, e não só, reivindica. O país tem outras necessidades bem mais prementes, tal como o PRR, decisivo para todos nós.
Aliás, não se compreende que Rui Rio fale em Justiça, quando mantém José Silvano, que também é secretário-geral do PSD, como coordenador autárquico do partido, arriscando como arrisca seis anos de prisão. Que belo exemplo!
No caso Berardo, a atuação da comissão de inquérito e da CGD só merecem ser elogiados. Já muito antes da detenção, a Caixa, numa iniciativa louvável, penhorou a pensão de Berardo.
Que me perdoe Adriano Moreira, autor da frase e ilustre colaborador do DN, a culpa já não morre solteira em Portugal. O que não quer dizer que as decisões judiciais agradem a todos, mas isso não significa que não haja Justiça.
As investigações são feitas, quando o devem ser, independentemente de se tratar de A ou B. E quando assim é, apetece-nos finalizar, citando a Magna Carta - todos são iguais perante a lei! E que bonito é ver o nosso país fiel a esse princípio sagrado da democracia.