Benfica e FC Porto na fronteira entre o sucesso e o fracasso

Só a vitória evita dependência de terceiros. Nápoles e Leicester vêm de países que costumam criar problemas a portugueses
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Benfica e FC Porto jogam nesta semana o tudo ou nada na Liga dos Campeões. Na prática, para não dependerem de terceiros, ambos estão obrigados a vencer os seus jogos em casa, frente a Nápoles e Leicester, respetivamente, para garantirem a passagem aos oitavos-de-final e embolsarem seis milhões de euros de prémio da UEFA. Esta última jornada é, no fundo, uma espécie de linha que separa o sucesso do fracasso na Champions

Os encarnados recebem amanhã o Nápoles depois de no primeiro jogo, no Estádio San Paolo, terem sofrido a primeira derrota da época por 4-2. Esta será a segunda vez que os napolitanos, a equipa onde brilhou Diego Maradona, visitam o Estádio da Luz, de onde saíram derrotados em 2008, por 2-0, na 1.ª eliminatória da Taça UEFA, que dava então acesso à fase de grupos. O Benfica era treinado por Quique Flores, tendo Reyes e Nuno Gomes marcado os golos já na segunda parte. Dessa partida, restam três jogadores nas duas equipas que devem agora voltar a defrontar-se: Luisão, Maggio e Hamsik.

O histórico de confrontos do Benfica com italianos é... razoável, pois em 13 jogos disputados venceu seis, empatou quatro e perdeu três. Mas as águias nunca foram derrotadas no novo Estádio da Luz, tendo empatado 0-0 com o Inter Milão (Taça UEFA em 2004) e 1-1 com AC Milan (Champions em 2007). Os dois últimos confrontos foram ganhos pelo Benfica: no tal jogo com o Nápoles e, em 2014, nas meias-finais da Liga Europa, com a Juventus, por 2-1, golos de Garay e Lima. As três derrotas benfiquistas foram com a Roma (0-1, em 1990, Taça UEFA), Fiorentina, com Rui Costa (0-2, em 1997, Taça das Taças), e Lazio (0-1, em 2003, Champions), no Estádio do Bessa, porque a Luz estava em construção.

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Diamantino Miranda defrontou várias vezes italianos de águia ao peito e considera que o Nápoles que irá apresentar-se na Luz "nada tem a ver com as tradicionais equipas italianas", pois "não é muito defensivo". O antigo jogador acredita num triunfo encarnado para o qual a equipa de Rui Vitória "só tem de jogar o habitual", embora defenda que "é importante que seja melhor no aspeto defensivo do que tem sido nos últimos jogos", algo que considera ter a ver com "a passagem de Pizzi para o centro do meio-campo, sobretudo em jogos de maior grau de dificuldade".

Diamantino não acredita que os jogadores do Benfica surjam diante do Nápoles afetados com a derrota na Madeira diante do Marítimo: "São jogos diferentes. Esta é uma partida crucial na Champions, na qual haverá outro ambiente e a concentração estará no máximo."

O jogo será arbitrado pelo espanhol Mateu Lahoz, de 39 anos, que em fevereiro de 2013 dirigiu um jogo dos encarnados, em Leverkusen, onde o Benfica venceu por 1-0, com golo de Oscar Cardozo.

Slimani é preocupação do dragão

Na quarta-feira, o FC Porto terá pela frente o Leicester, o surpreendente campeão inglês da época passada, que neste ano voltou à normalidade, pois encontra-se no 15.º lugar da Premier League, com apenas três vitórias alcançadas. No entanto, a equipa treinada pelo experiente Claudio Ranieri, de 65 anos, já tem garantidos o apuramento e o primeiro lugar do grupo G.

Os dragões estão obrigados a ganhar para não dependerem daquilo que fará o FC Copenhaga em Brugge. Isto porque, se a equipa de Nuno Espírito Santo não conseguir vencer o Leicester, só alcançará o apuramento se os dinamarqueses também não ganharem na Bélgica.

O Leicester vai então visitar pela primeira vez o Estádio do Dragão, mas pode contar com a experiência de alguém que conhece bem aquele palco: trata-se do ex-sportinguista Islam Slimani, autor do golo do triunfo dos ingleses (1-0) na partida entre as duas equipas no King Power Stadium. Aliás, o argelino tem sido um autêntico carrasco dos portistas, que já sofreram sete golos deste ponta-de--lança, que nos últimos quatro duelos marcou por seis vezes.

Os duelos do FC Porto com equipas inglesas têm sido um pesadelo fora de casa, pois nunca venceu em 18 jogos e o melhor que conseguiu foram dois empates. Felizmente para os dragões, a decisão sobre o apuramento será em casa, onde o registo histórico é bem mais favorável, pois ganharam sete dos 17 jogos, empataram outros tantos e perderam apenas por três vezes.

Curiosamente, a última vez que uma equipa inglesa visitou o Dragão saiu derrotada e foi há pouco mais de um ano e dois meses. Foi o Chelsea de José Mourinho, que viu os portistas vencerem por 2-1, com golos de André André e Maicon.

O triunfo mais emblemático do FC Porto, em sua casa, frente a equipas inglesas registou-se em outubro de 1977, quando goleou o Manchester United por 4-0, com três golos de Duda e outro de António Oliveira, o que permitiu à equipa então treinada por José Maria Pedroto apurar-se para os quartos-de-final da Taça das Taças.

Na quarta-feira não é preciso um resultado tão expressivo para garantir o essencial: o apuramento. "A última vitória com o Sp. Braga deu mais ânimo à equipa depois de tantos jogos sem marcar", adiantou Jaime Magalhães, antiga glória dos dragões, que acredita que o golo de Rui Pedro nos instantes finais do duelo com os bracarenses serviu para "matar a ansiedade". Frente ao Leicester, assume que será preciso paciência: "As equipas inglesas são muito complicadas porque jogam sempre com a mesma intensidade, como tal será importante que o FC Porto marque cedo para depois gerir o jogo da melhor forma."

O antigo extremo admite ainda que o facto de o Leicester ter a sua situação resolvida na Champions "pode ajudar" os dragões. "Talvez por isso não seja um jogo tão difícil como à partida se supunha", admitindo que está a torcer "para que desta vez Slimani esteja num dia mau" e assim quebre a tradição de marcar ao FC Porto.

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