Belenenses arrasa Agronomia e conquista Supertaça

Azuis do Restelo bateram, nesta tarde de feriado de 5 de outubro nas Caldas da Rainha, o quinze campeão nacional por esmagadores 46-3 (!) e ergueram a quinta Supertaça do seu historial.
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Em pleno Mundial de râguebi e quando a época já se iniciou nos principais países da Europa há larguíssimas semanas, o râguebi português continua a mostrar estar num fuso horário à parte e só hoje, assinalando o Dia Nacional da modalidade que sempre coincide com o feriado do 5 de outubro, a temporada arrancou por cá, com a realização das Supertaças de diferentes escalões que decorreu no complexo desportivo das Caldas da Rainha.

E depois de em maio ter perdido a final do campeonato nacional para os agrónomos, o Belenenses vingou-se com juros ao cilindrar um quinze em reconstrução pela ausência de inúmeras peças que se destacaram na equipa da Tapada nos últimos anos - o capitão Fernando Almeida, José Rodrigues, José Maria Rebelo de Andrade, Tomás Gonçalves, António Cortes... - conquistando o troféu pelo segundo ano consecutivo, depois de em 2018 ter derrotado a Académica, por 30-20.

Desde o apito inicial e a favor do forte vento que se sentia, a equipa de João Mirra tomou conta das operações, acampando no meio-campo adversário e, graças a um jogo solto, alegre, pleno de dinâmica e encadeamentos, forçou Agronomia a limitar o seu jogo a tarefas defensivas. O que costuma trazer maus resultados...

Aos 9" o pilar agrónomo Giorgi Turabelidze viu cartão amarelo por placagem ilegal e da falta decorrente, jogada para o alinhamento conquistado imperialmente por José Madeira, surgiria um imparável maul dinâmico concluído pelo capitão e n.º 8 Tomás Sequeira num ensaio convertido por João Freudenthal que inaugurava o cabaz que se iria seguir (7-0).

A perder, os homens da Tapada finalmente lá tentavam esticar o seu jogo, mas sem causar grande perigo, e reduziriam numa penalidade de João Lima - quem diria que este tão madrugador pontapé, aos 20" de jogo, significaria a última vez que os comandados de Frederico Sousa iriam pontuar na partida...

Mas a resposta azul seria em grande estilo - e direta ao estômago adversário, deixando-o sem respirar, quanto mais permitindo capacidade de resposta. E no curto espaço de três minutos, surgiriam dois ensaios de rajada dos homens do Restelo.

Primeiro pelo ponta José Santos a finalizar, pelo lado fechado, o trabalho bem feito numa mêlée a 5 metros conquistada com autoridade pela sua avançada. E logo a seguir o formação Duarte Azevedo faria o terceiro da tarde num lance iniciado por uma arrancada soberba de Rodrigo Marta e após combinação com o ponta Gonçalo Santos (o passe deste, em "off-load", merecia uma placa...) para já distantes 21-3.

Acolchoado por essa fofa almofada pontual o Belenenses desacelerou e até começaria a cometer muitas faltas que os agrónomos optariam - e bem, diga-se, pois 18 pontos representavam uma significativa distância - por jogar sucessivamente para alinhamentos, que repetidamente corriam mal e não rendiam qualquer perigo. Até por que a reação do quinze da Tapada era feita de forma lenta, denunciada e mostrando enorme dificuldade em encontrar a bússola que indicasse o rumo para a área de ensaio azul.

E seria em cima do intervalo que iria surgir o grande momento da partida quando, a 48 metros (!) dos postes, o internacional 3.ª linha Sebastião Cunha executou, de mote próprio e perante a absoluta ausência de pressão contrária, um fantástico pontapé de ressalto "a la Zinzan Brooke na meia-final do Mundial de 1995 diante da Inglaterra". Esse ficou para sempre na História da modalidade, o desta tarde ficará durante muito tempo na memória de quem viu. Chapeau, Sebastião...

E com desnivelados 24-3 ao intervalo a 2.ª parte manteria as mesmas características: Agronomia a tentar reagir mas sem conjunto, experiência, poder físico nem capacidade para alterar o sentido de jogo, e o Belenenses limitando-se a controlar e quando surgia a oportunidade, a explodir em acelerações que causavam um "Deus me acuda" nas hostes de Frederico Sousa, treinador dos agrónomos, mas agora também coordenador das seleções nacionais, adjunto no nosso país do selecionador Patrice Lagisquet, ele próprio selecionador nacional de sevens - e esperemos que não nos tenha escapado qualquer outro cargo...

João Freudenthal converteria nova penalidade aos 52" (27-3) e depois de fantástica cavalgada de 70 metros do 2.ª linha José Madeira, a equipa do Restelo beneficiaria de um ensaio de penalidade bem concedido pelo juiz João Costa (boa arbitragem!) quando o ponta Gonçalo Santos foi impedido de marcar, no ato de mergulhar para a área de ensaio junto à bandeirola, devido a placagem ao pescoço do sul-africano Schoor que veria cartão amarelo nesse lance (34-3).

Os ataques de Agronomia continuavam sem qualquer efeito - ao estilo de tentar perfurar dura madeira com uma faca romba ou mesmo sem faca nenhuma... - e em cima dos 80" os azuis, fartos daquele "faz que anda mas não anda", ainda marcariam por mais duas vezes através do excelente centro Rodrigo Marta. E o sexto e último ensaio surgiu mesmo do melhor lance do encontro num estupendo contra-ataque após roubo de bola iniciado nos seus 22 com a oval a passar em velocidade por diversos jogadores ao estilo TGV para os definitivos e concludentes 46-3.
Com este triunfo o Belenenses apanha Agronomia e Cascais, trio com 5 Supertaças conquistadas, numa lista liderada por Direito que já venceu o troféu em 11 ocasiões. E deixa claro aviso à concorrência para o campeonato que arranca no próximo fim-de-semana, enquanto para os agrónomos já se percebeu que há muito trabalho pela frente.

Os sub-18 azuis venceram também a Supertaça do escalão ao derrotar o Técnico enquanto o Sporting ergueu o troféu feminino.

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