O Bloco de Esquerda (BE) pediu hoje a suspensão dos trabalhos de reabilitação da histórica Estação Ferroviária de São Bento, no Porto, e denuncia que as obras são "ilegítimas" porque não foi ouvida a Direção-Geral do Património Cultural.."A questão aqui é que do nosso ponto de vista é ilegítimo que se avance para um processo deste tipo sem que a Direção-Geral do Património Cultural seja ouvida e é ilegítimo que se avance para um projeto deste tipo sem que os próprios órgãos municipais e a cidade sejam ouvidos", declarou hoje o deputado bloquista, José Soeiro, numa conferência de imprensa em frente a São Bento no Porto, onde o BE avançou com uma petição pública para travar o processo levado a cabo sem envolvimento do município..A 5 de outubro, quando se assinalou o centenário da inauguração da Estação Ferroviária de São Bento, o ministro do Planeamento anunciou que seriam instalados no edifício um hostel, um mercado "Time Out", uma loja "Starbucks", um café, 15 restaurantes, quatro bares e uma galeria de arte, a concluir até finais de 2017..[artigo:5426061].Em reunião pública da Câmara do Porto, a 19 de outubro, o próprio presidente da Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), Álvaro Santos, informava que tinha enviado uma carta ao presidente da Infraestruturas de Portugal, proprietária da Estação de São Bento, referindo a "obrigatoriedade legal" de obter licenciamento para todos projetos anunciados para aquele equipamento inserido em zona classificada de Património Cultural da Humanidade pela Unesco..O BE fez hoje um apelo para que toda a cidade do Porto "se mobilize para que possa ter uma palavra e para que a Estação de São Bento não seja descaracterizada, nem seja feita nas "costas da cidade"..Para o deputado do BE a reabilitação de São Bento não deve responder "aos apetites do privado" que quer, assume José Soeiro, transformar a histórica Estação de São Bento, num " 'shopping' igual a outro espaço qualquer", descurando os "interesses da cidade", assim como os "interesses do património", "da preservação da cultura" e de "quem utiliza a estação quer para viajar, quer para a visitar"..Para que a obra "possa avançar" devem cumprir-se algumas condições e a primeira, segundo José Soeiro, é que a Direção-Geral do Património seja ouvida.."Poderão até invocar a ideia de que não teriam a obrigação de o fazer. Do nosso ponto de vista teriam e, por isso mesmo, estamos a propor que esta obra seja suspensa e que se ouça o que tem a Direção-Geral do Património a dizer sobre esta matéria"..No dia 7 de novembro transato, presidente da Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), Álvaro Santos, disse à Lusa que a obra de construção de um hostel na Estação de São Bento foi desembargada, porque o "alvará de obra foi emitido"..No dia 18 de outubro, a SRU avançou com o embargo da obra, porque não existia ainda licenciamento, recordou o responsável..Em reunião pública da Câmara do Porto, a 19 de outubro, o próprio Álvaro Santos informava que tinha enviado uma carta ao presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), proprietária da Estação de São Bento, referindo a "obrigatoriedade legal" de obter licenciamento para todos projetos anunciados para aquele monumento..Na sequência do embargo, a empresa promotora entregou o pedido de licenciamento e a SRU também recebeu os pareceres técnicos favoráveis da Autoridade Nacional da Proteção Civil, Direção-Geral do Património Cultura e Direção Regional da Cultura do Norte..O deputado do BE, refere, todavia, que "desses documentos não faz parte nenhum parecer da Direção-Geral do Património Cultural, o que é escandaloso".."Do nosso ponto de vista, que se possa fazer uma intervenção num monumento deste tipo sem que a Direção-Geral do Património tenha sido ouvida, não faz sentido".."Poderão até invocar a ideia de que não teriam a obrigação de o fazer. Do nosso ponto de vista teriam e por isso mesmo estamos a propor que esta obra seja suspensa e que se ouça o que tem a Direção-Geral do Património a dizer sobre esta matéria"..Os deputados José Soeiro e Jorge Campos realizaram hoje uma conferência de imprensa junto a São Bento onde iniciaram uma petição pública com vista a travar o processo das obras em São Bento.