O teste de Viagra em grávidas falhou. Onze bebés morreram
Um teste para apurar os efeitos do Viagra tomado por grávidas em recém-nascidos terminou depois de onze bebés terem morrido, avançou esta terça-feira a BBC.
Às mulheres que participaram num estudo holandês foram dados comprimidos contra a impotência com vista a melhorar o crescimento dos seus filhos que tinham nascido com placentas mal desenvolvidas, mas descobriu-se que a medicação, que promove o fluxo sanguíneo, poderá ter causado danos letais nos pulmões dos bebés.
Ainda assim, os especialistas dizem que é necessária uma investigação mais ampla para entender o que aconteceu.
Testes anteriores no Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia, em 2010, não encontraram qualquer sinal de potenciais danos, embora também não tenham descoberto qualquer benefício. Na altura, o intuito era encontrar um tratamento para a restrição do crescimento fetal causada por uma placenta subdesenvolvida.
Agora, neste estudo levado a cabo pelo Centro Médico Académico (UMC) de Amesterdão em 10 hospitais holandeses desde 2015 e que deveria ser realizado até 2020, 183 mulheres receberam substâncias - 93 sildenafil e 90 placebo - e 20 bebés desenvolveram problemas pulmonares após o nascimento, pertencendo 17 ao grupo de mulheres receberam sildenafil. Onze acabaram por morrer.
"O prognóstico para esses bebés era negativo e não se conheciam outros tratamentos possíveis", adiantou o UMC de Amesterdão em comunicado. "Queríamos mostrar que esta é uma forma eficiente de promover o crescimento do bebé mas o oposto aconteceu. Estou chocado. A última coisa que queremos é prejudicar os pacientes", afirmou o genecologista que liderou o estudo, Wessel Ganzevoort, em entrevista ao diário holandês De Volkskrant.
"Esse tema foi abordado em várias conferências. Colegas estrangeiros deixavam escapar que às vezes prescreviam, com bons resultados. No meu consultório houve mesmo grávidas que pediram para lhes receitar. Se encomendaram pela Internet? Não sei. Quem pode saber", justificou e questionou Ganzevoort. "Na Holanda, os médicos são muito cautelosos. A eficiência e a segurança de um medicamento devem primeiro ser rigorosamente demonstradas através de estudos controlados com placebo antes de prescrevê-lo", acrescentou.
Entre outras 10 a 15 mulheres estão ainda à espera de descobrir se as suas crianças foram afetadas pela droga.