A coordenadora do BE, Catarina Martins, defendeu hoje a criação de uma unidade especial do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) para regularização da situação de crianças 'sem papéis', reagindo à possibilidade de haver atendimento especial para vistos 'gold'.."Hoje li que o SEF poderá ter uma unidade especial para acelerar os processos de vistos 'gold'. Devo dizer que um país que leve a sério quem aqui vive, que leve a sério as questões dos direitos humanos, não compreenderá seguramente que não seja possível uma unidade especial para garantir que as crianças que cá vivem têm todas 'papéis', têm todas a situação regularizada", afirmou Catarina Martins..A coordenadora bloquista reagia, assim, à manchete de hoje do Diário de Notícias, que avança que o SEF pode ter uma espécie de 'linha azul' para os processos que considera prioritários, entre os quais as Autorizações de Residência para Investimento (ARI), os chamados vistos 'gold'..A situação das crianças 'sem papéis' está contemplada nas medidas propostas pelo BE para integrar uma Estratégia Nacional para a Erradicação da Pobreza Infantil a dez anos (2017-2027), que foi hoje apresentada por Catarina Martins numa conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa.."Neste momento no parlamento está a haver um debate sobre as questões da imigração e da nacionalidade. Ninguém compreenderia que nós não fossemos capazes de resolver o problema das crianças do nosso país que não têm papéis. Ninguém pode considerar normal que uma criança seja considerada ilegal", declarou Catarina Martins..A coordenadora do BE argumentou que, apesar da situação irregular em que vivem, estas crianças são tratadas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), e também, em algumas escolas não lhes são negadas refeições, "mas por vontade dos diretores, dos professores, com o esforço que fazem coletivamente".."Manuais, transporte escolar, são negados todos os dias a crianças sem papéis no nosso país. Fomos confrontados há pouco tempo com uma criança que nasceu em Portugal com paralisia cerebral, e porque a família tem uma situação irregular, ela não tem acesso sequer à cadeira de rodas de que precisa do SNS", sustentou..Há uma série de outras repercussões na vida destas crianças, apontou Catarina Martins: "Crianças que façam desporto na escola, não têm acesso a estar numa federação desportiva", ilustrou.."Não é possível deixarmos crianças completamente abandonadas no nosso país. Um país que permite que haja crianças sem papéis é um país que está a condenar crianças à mais grave das exclusões", frisou.