BCE alerta: próxima crise estará relacionada com o imobiliário
Não se sabe quando, nem onde. Mas a verdade é que, mais tarde ou mais cedo, haverá uma nova crise financeira. E a líder do Conselho de Supervisão do Banco Central Europeu (BCE) não tem muitas dúvidas: a próxima crise estará associada ao mercado imobiliário.
"Muitas das crises anteriores estiveram relacionadas com o mercado imobiliário, ainda que não de maneira direta", disse Danièle Nouy em entrevista à agência de notícias da Letónia, citada pelo jornal Expansión.
Contudo, a responsável garantiu que, graças ao Mecanismo Único de Resolução os bancos do Velho Continente "estão melhor" preparados para enfrentar um choque económico. Além disso, sustentou, os mecanismos de gestão de crise disponíveis são agora "mais fortes" que no passado. Danièle Nouy alertou ainda que as taxas de juro variável representam algum "risco" uma vez que não há "garantias" relativamente a quando é que vão aumentar. "Vamos acompanhar de perto os desenvolvimentos no mercado imobiliário", assegurou.
Na Zona Euro não é a primeira vez que as autoridades monetárias alertam para os riscos nesta área. Em junho, o Banco de Portugal avisava que a subida dos preços das casas começava a colocar riscos para a estabilidade financeira. Isto depois de um aumento de mais de 30% dos preços desde meados de 2013. A entrada em força de investidores estrangeiros é um dos principais motivos para o boom imobiliário, explicava na altura o banco central.
A instituição liderada por Carlos Costa assinalava no Relatório de Estabilidade Financeira que "as indicações de sobrevalorização dos preços no mercado imobiliário residencial em termos agregados" são ainda "muito limitadas". Mas observava que "a duração e o ritmo de crescimento dos preços neste mercado pode implicar riscos para a estabilidade financeira, em caso de persistência destas dinâmicas".
Ainda esta semana, a agência de rating Standard & Poor"s indicava o mercado imobiliário português como um dos que mais irão valorizar este ano. A agência de rating estima que os preços das casas aumentem 9,5% este ano.
Nos dez países europeus analisados por esta entidade, apenas a Irlanda terá uma taxa de crescimento acentuada. E apesar de continuarem a valorizar, as subidas nos valores da habitação deverão ser mais moderadas até 2021. Nesse ano, a S&P estima que o preço das casas aumente 5%.
Em 2019 e 2020 as subidas deverão ser de 7% e 6%, respetivamente. "Estimamos que as pressões no preço desçam gradualmente devido a crescimento mais lento e à subida dos custos de financiamento", diz a agência.