Barbudos não entram, decreta equipa belga
Maiores ou mais pequenas, mais espessas ou mais frágeis, é indisfarçável que as barbas conquistaram a paisagem do universo masculino nos últimos anos. Entre a elite mundial do ciclismo, os pelos também foram crescendo em rostos mais ou menos famosos, de Bradley Wiggins a Simon Geschke, de Chris Horner a Tom Boonen, de Dan Craven até ao recente tricampeão mundial Peter Sagan.
No entanto, chega agora um grito de revolta, desde a Bélgica, onde a equipa Sport Vlaanderen-Baloise declarou que "ciclista com barba não entra" na equipa da divisão Profissional Continental, o segundo escalão do ciclismo mundial.
A declaração foi feita pelo diretor desportivo da equipa flamenga, Walter Planckaert, num artigo publicado no jornal Het Niewsblad. Ali, o dirigente justifica a sua posição de força com "razões estéticas" e "de higiene" que, no entender de Planckaert, o desporto (e o ciclismo em particular) deve cuidar.
Assim, com o intuito de preservar "a elegância do ciclismo", a Sport Vlaanderen-Baloise impõe o uso da lâmina de barbear aos seus ciclistas. Barbudos não entram e quem não concordar com as regras deve procurar outra equipa, avisa desde já Walter Planckaert, ele próprio um antigo ciclista belga que tem uma vitória na Volta a Flandres (1972) e uma etapa ganha na Volta a França de 1978 entre os pontos altos do currículo.
"Nós somos uma equipa de ciclistas, não somos pilotos de motocrosse ou jogadores de râguebi", escreveu o diretor desportivo na sua coluna regular no Het Niewsblad. "A saliva e os restos de comida que se prendem nas barbas de um ciclista durante uma corrida são, simplesmente, uma porcaria. Isto é uma questão estética", justificou Planckaert, que acena o exemplo de Chris Froome, vencedor do Tour e da Vuelta deste ano, como um bom modelo.
E a verdade é que uma visita ao site da equipa belga permite perceber que na Sport Vlaanderen--Baloise os ditames higiénicos de Walter Planckaert são levados bem a sério, com as fotos dos ciclistas profissionais que compõem o grupo a mostrarem 22 corredores belgas de cara bem lavada.
Os resultados - 36.º lugar do ranking da UCI e apenas três vitórias em 2017 - mostram que talvez falte algum pelo na venta à equipa belga na luta pelos triunfos, mas para Planckaert há uma imagem limpa a promover no ciclismo. E isso começa mesmo pelos rostos dos corredores. Por isso, o dirigente insiste que qualquer ciclista com intenções de deixar crescer a barba "não terá lugar" na Sport Vlaanderen-Baloise na próxima temporada, admitindo abrir apenas raras exceções quando um atleta estiver de tal forma exausto entre etapas de uma prova que não consiga sequer manter-se em pé para se barbear.
Esta política restritiva em relação às barbas tem outros exemplos, até bem mais antigos, no mundo do desporto. Os New York Yankees, por exemplo, mítica formação da liga norte-americana de basebol, já levam 40 anos a proibir barbas, numa medida implementada pelo empresário George Steinbrenner, em 1973, quando comprou a equipa, e que prossegue mesmo após a sua morte em 2010.