O Banco de Portugal (BdP) mantém-se ligeiramente mais otimista do que o Governo, esperando que a economia cresça 2,3% em 2018, admitindo vir a rever em alta a previsão de crescimento do PIB deste ano..Hoje, o BdP atualiza as projeções económicas que apresentou no Boletim Económico de dezembro, mantendo a estimativa do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) que tinha feito na altura: a economia portuguesa deverá crescer 2,3% este ano, abrandando nos dois próximos, ao crescer 1,9% em 2019 e 1,7% em 2020..O banco central mantém-se assim ligeiramente mais otimista do que o Governo, que prevê um crescimento do PIB de 2,2% este ano, e admite rever em alta a projeção do crescimento para 2018.."Enquadradas por uma envolvente económica e financeira favorável, as atuais projeções apontam para a gradual maturação do processo de expansão da economia portuguesa no período 2018-20, aproximando-se progressivamente do seu atual ritmo de crescimento potencial. Neste contexto, identificam-se riscos ligeiramente em alta no curto prazo associados à possibilidade de um impulso cíclico mais forte do que o antecipado", lê-se nas Projeções para a Economia Portuguesa: 2018-2020 publicadas hoje..No relatório, o BdP recorda que há cerca de um ano previa um crescimento de 1,8% no conjunto de 2017, um valor que acabou por ficar 0,9 pontos percentuais acima (2,7%). Hoje, o BdP admite que subestimou as exportações, "em particular do ganho de quota de mercado", bem como o investimento e o consumo privado (embora numa dimensão inferior)..O BdP explica que o crescimento do PIB entre 2018 e 2020 está sustentado no "forte desempenho" das exportações de bens e serviços, no "dinamismo" do investimento, ou Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), e no crescimento do consumo privado..As exportações devem crescer 7,2% em 2018, 4,8% em 2019 e 4,2% em 2020, com o BdP a antecipar novos ganhos de quota de mercado, "ainda que mais moderados ao longo do horizonte de projeção"..A estimativa do banco central aponta para "um ritmo de crescimento significativo ao longo dos próximos anos" do investimento, embora mais moderado do que o observado em 2017. Depois de ter aumentado 9% em 2017, a FBCF deverá crescer 6,5% em 2018, 5,6% em 2019 e 5,4% em 2020, aponta o BdP..Já o consumo privado "continuará a crescer de forma moderada", a um ritmo ligeiramente inferior ao da atividade. "Ao longo do horizonte de projeção, o consumo privado desacelera, em linha com a evolução do rendimento disponível real, crescendo 2,1% em 2018, 1,9% em 2019 e 1,7% em 2020", projeta a instituição liderada por Carlos Costa..Comparando com 2008, o ano anterior ao início da crise financeira internacional, o PIB "deverá ser 4,7% superior em 2020", com o consumo privado a aumentar 4%, o investimento empresarial a subir 6,4%..Por sua vez, as exportações vão representar mais 70% do que o observado antes da crise financeira internacional, sendo que "as exportações de turismo mais do que duplicam", observa o banco central.."Esta evolução contribui para o aumento do grau de abertura da economia portuguesa, que é acompanhado pela manutenção de um excedente da balança corrente e de capital de cerca de 2% do PIB, em média, no período 2018-2020", nota..Em 2018, as contas externas deverão apresentar um excedente de 2,1% do PIB, superior em 0,7 pontos percentuais ao registado no ano passado (1,4%)..O BdP afirma que "a economia portuguesa vai continuar a beneficiar de um enquadramento económico e financeiro favorável, incluindo um crescimento robusto da procura externa, em torno de 4%, uma orientação acomodatícia da política monetária da área do euro -- num quadro de redução gradual dos estímulos --, bem como uma manutenção das condições de financiamento dos agentes económicos"..Quanto à inflação, depois dos preços no consumidor terem aumentado 1,6% em 2017, o BdP estima subidas inferiores este ano e nos dois próximos (1,2% em 2018, 1,4% em 2019 e 1,5% em 2020)..Por outro lado, a instituição afirma que "persistem fragilidades estruturais que não podem ser ignoradas" e que têm penalizado o potencial de crescimento da economia portuguesa, como o elevado endividamento das empresas e das famílias, o envelhecimento da população e a produtividade ainda limitada..No médio prazo, o BdP considera a existência de riscos descendentes, sobretudo o aumento de tensões nos mercados financeiros, o agravamento de tensões geopolíticas a nível internacional e a adoção de medidas protecionistas a nível global.