A banca em Portugal entrou em 2017 com melhorias significativas em alguns dos principais indicadores que medem a saúde do setor. Os níveis de capital subiram e os de malparado recuaram. Mas, apesar do comportamento positivo, este ficou aquém da evolução registada a nível comunitário..Segundo os dados compilados pela Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês), a banca europeia como um todo registou uma melhoria em termos de posição de capital entre março de 2016 e março passado, com o Common Equity Tier 1 (CET1, ou seja, o capital livre do banco que responderá a perdas) a subir 0,7 pontos, de 13,4% para 14,1%..Esta subida foi suficiente para relativizar as melhorias nos rácios registadas pelo setor em Portugal no mesmo período, já que a banca do país passou de um CET1 médio de 12,1% para 12,6% desde o primeiro trimestre do ano passado. Com um salto de apenas 0,5 pontos, o fosso entre a banca portuguesa e a da UE acabou por crescer, de -1,3 pontos para -1,5 pontos..E apesar de "todos os países apresentaram um CET1 médio superior a 10%", como sublinha a EBA, olhando para os países individualmente nota-se que a posição portuguesa até melhorou: se em março de 2016 os bancos do país apresentavam a segunda média mais baixa de CET1, agora apresentam a terceira mais baixa - a Itália persiste na última posição e Portugal trocou com Espanha..Já olhando em termos desagregados para os maiores bancos em Portugal, nota-se que só dois apresentam um rácio superior ao do país: o BCP, que contava com 13% de CET1 em março de 2017, e o Totta, com 15,3%. Os restantes apresentavam todos níveis de capital abaixo da média, com destaque negativo para o Novo Banco, o suposto "banco bom" do BES, cujo CET1 estava em 10,8%..Malparado, eficiência e ativos.Na gestão do malparado a evolução conseguida em Portugal foi também positiva no período, pecando porém pela mesma via, já que a UE conseguiu melhor e com menos. Que é como quem diz: apesar do peso do malparado ser bastante inferior na União Europeia face a Portugal, a região conseguiu baixá-la mais..Segundo a EBA, o peso médio do malparado (NPL ratio, de non performing loans )nos bancos portugueses caiu de 19,2% dos créditos totais para 18,5%, de março do ano passado até ao mesmo mês deste ano. A quebra foi de 0,7 pontos, 0,2 pontos abaixo do recuo na UE, onde o NPL caiu de 4,8% para 5,7%..Ao contrário do que aconteceu no ranking CET1, no malparado a posição portuguesa acabou por piorar face aos pares: se, em março de 2016, os bancos cipriotas, gregos e eslovenos apresentavam rácios mais pesados, agora apenas os dois primeiros continuam pior do que o rácio da banca em Portugal. Os eslovenos conseguiram baixar o rácio de NPL de 19,7% para 13,5%..A piorar na comparação com os restantes esteve também a evolução em termos de eficiência - cost to income -, onde a banca em Portugal passou do oitavo registo mais alto para o quarto. A média europeia caiu de 66% para 63,8%, segundo os dados da EBA, tendo a portuguesa permanecido pouco acima da casa dos 66%..Por fim, destaque para a dimensão dos bancos, que em Portugal é cada vez mais residual. De março de 2016 a março último, a banca presente no país continuou a perder ativos a um ritmo acelerado, tendo caído de 297,6 mil milhões de euros para pouco mais de 281 mil milhões, um recuo de 5,5% que compara com a queda de 1,2% acumulada pelo setor na União Europeia, incluindo Portugal..A banca comunitária contava com 31 biliões em ativos no final do primeiro trimestre de 2016, valor que desde então recuou para 30,7 biliões, ou -1,19%.