Balotelli, o enfant terrible que está a renascer em Nice

O polémico avançado já leva quatro golos em duas jornadas e o Nice lidera a Liga gaulesa, mas para já só se pensa num lugar europeu
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O Nice está a protagonizar o melhor arranque de campeonato dos últimos 38 anos, ao liderar a Liga francesa à 6.ª jornada, invicto, com 14 pontos. Depois de ter conseguido, na temporada passada, o 4.º lugar, igualando a melhor classificação numa Liga a 38 jornadas desde 1973, o Nice promete voltar a ser uma das sensações da Ligue 1, e para isso muito tem contribuído Mario Balotelli.

Aos 26 anos, o avançado, que não se vê brilhar ao mais alto nível desde que vergou a Alemanha no Euro 2012, procura relançar a carreira, após ter saído pela porta pequena de Manchester City, Milan e Liverpool. Para já, o início está a ser promissor. Depois de ter feito apenas quatro golos pelo Liverpool em 2014/15 e três pelo AC Milan em 2015/16, já leva quatro golos em duas jornadas na Liga francesa. Bisou na estreia, diante do Marselha (3-2), e repetiu a dose na goleada (4-0) ao AS Mónaco, de Leonardo Jardim. Nos dois jogos, o português Ricardo Pereira, emprestado pelo FC Porto, assistiu Balotelli.

O avançado natural de Palermo, que há muito diz pretender deixar de ser notícia pelas polémicas extrafutebol, chegou ao Nice no fecho do mercado e causou impacto imediato num clube que até tem alguma tradição em saber lidar com enfants terribles.

Foi assim, na temporada passada, com Ben Arfa, um dos mais criativos futebolistas da sua geração, mas que nas suas passagens por Lyon, Marselha ou Newcastle nunca soube dar consistência ao seu talento. No Nice, foi um dos melhores na Liga francesa, ao fazer 17 golos e seis assistências, transferindo-se para o PSG.

Lucien Favre, suíço que treina o Nice, confessa que não esperava que Balotelli tivesse um impacto imediato: "Ele vai tornar-se cada vez mais forte. Quatro golos em duas jornadas não esperava. Ainda temos de melhorar o seu enquadramento na equipa, mas se ele continuar assim vai melhorar."

Mino Raiola, empresário de Balotelli, também considera que o Nice é o clube ideal para relançar a carreira do avançado, admitindo que o próprio agente cometeu erros na gestão da sua carreira. "O maior erro foi tê-lo deixado sair do City. Ele estava infeliz, mas devia ter dito para aguentar e crescer. Fui simpático, devia ter sido cruel", explicou. O agente admitiu ainda que a vida amorosa prejudicou o atleta. "O problema foi estar à procura de amor quando precisava de ser egocêntrico. Ele só precisa de comer, sexo, dormir e jogar. O futebol deve ser a sua prioridade e não encontrar uma noiva ou esposa", atirou.

Ao longo da sua carreira, Super Mario colecionou várias histórias insólitas. Em 2010, bateu com o carro e a polícia perguntou-lhe porque levava mais de cinco mil euros no bolso. "Porque sou rico", respondeu. Um ano depois, incendiou a casa de banho da própria casa - onde foi confundido, uma vez, com um ladrão, pois tinha perdido a chave e entrou pela janela - com material pirotécnico. A Balotelli pertencem, também, dois dos mais famosos festejos de golos: quando faturou nos 6-1 do City ao United mostrou uma camisola com a pergunta "Porquê sempre eu"?; quando bisou frente à Alemanha no Euro 2012 tirou a camisola e fez uma pose de fisioculturista.

O jogador já foi associado a outras histórias, como entrar numa prisão para ver mulheres, vestir-se de pai natal para distribuir dinheiro pelas ruas e pagar hotéis de luxo a mendigos, mas essas e tantas outras nunca foram confirmadas.

Para já, a Europa

O Nice foi um dos principais clubes franceses nos anos 50, ao conquistar quatro títulos de campeão. Mas nos últimos 60 anos só voltou a conquistar dois troféus de primeira linha: a Supertaça de 1970 e a Taça de França de 1997. Numa Liga que tem sido controlada pelo PSG, o Nice não perspetiva, para já, uma surpresa à imagem do Leicester.

Além do maior poderio do PSG, que ganhou a Liga da última época com 31 pontos de avanço sobre o Lyon, o AS Mónaco, de Leonardo Jardim, promete dar luta por mais do que o último lugar do pódio.

O clube definiu como objetivo tentar repetir a entrada na Liga Europa, até porque perdeu vários jogadores importantes - o Leicester levou Mendy, por 15 milhões, dinheiro que o Nice investiu em novas contratações, entre elas o defesa brasileiro Dante e o jovem francês Cyprien, reforço mais caro do ano (cinco milhões de euros).

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