Bairrismo e entrega para sair de cabeça erguida
Foi o bichinho por esta tradição bairrista que levou Carlos Perdiz Lourenço, atual responsável pelas marchas e presidente do Operário Futebol Clube de Lisboa, a aceitar este desafio. "Este ano o tema é Santa Engrácia mascarada de sedução. É algo que tem que ver com uma determinada época, com uma grande história na freguesia", explica o responsável sobre a escolha deste tema. Acrescenta ainda que é a oitava vez que a Marcha de Santa Engrácia se apresenta no atual Meo Arena (antigo Pavilhão Atlântico) e vai contar com as cores vermelho, preto, prateado e ouro. Tem uma grande admiração pelos marchantes que "se entregam e têm uma grande paixão. Não estamos obcecados com a classificação. Independentemente do resultado, para o ano estamos de volta".
Sérgio Paixão, agora com 37 anos, conta já com 20 anos como marchante e é como um "nómada" nestas andanças. Começou na marcha infantil Voz do Operário, Marvila, São Vicente e atualmente em Santa Engrácia. Continua nesta vida porque "é o convívio, as amizades que se formam e depois a adrenalina de nos mostrarmos a todos".
É a convite do marido que a experiente marchante Sofia Silva decidiu aceitar este desafio de ensaiar uma marcha. "Sou uma pessoa extremamente bairrista, comecei no bairro dos Olivais quando tinha 13 anos até este ano em que decidi fazer uma pausa", explica ao lado do marido e também ensaiador, Bruno Barros. Também ele conta com uma longa história. "Já fui mascote, marchante, aguadeiro e agora sou ensaiador." Embarcam agora juntos em mais uma aventura, preparar ao máximo os marchantes para se apresentarem e representarem o bairro "o melhor que puderem". Estas palavras são partilhadas pelo responsável das marchas, Carlos Perdiz Lourenço, "fazer sempre o melhor. O objetivo é sair das apresentações com a cabeça erguida".
No meio da conversa, o ensaio continua com Sofia Silva e Bruno Barros sempre a puxar pelos marchantes: "Toca a cantar pessoal" ou "Santa Engrácia é que é!".