Azulejos com mais de 300 anos foram assentes em material de fazer aviões

Painel de 1720 estava numa sala que funcionava como reserva do Museu do Azulejo e sofria com a humidade. Foi restaurado com uma técnica que nunca tinha sido usada em Portugal. Abre na quarta-feira.
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A sala D. Manuel, batizada em honra do rei com este nome, fica mesmo em frente à igreja da Madre de Deus, uma das joias do convento fundado por D. Leonor onde está hoje instalado o Museu Nacional do Azulejo. Era usada como reserva, cheia de caixas com os tesouros da instituição.

Há dois anos, a diretora, Maria Antónia Matos, propôs-se recuperar o painel de 1720 da autoria de Manuel dos Santos, que ali chegou depois do terramoto de 1755 vindo do Convento de Santana, também em Lisboa. Após seis meses de obras, prepara-se para abrir ao público no dia 13 de maio.

Os painéis em causa, nas paredes mais longas, acusavam o peso dos séculos, fragmentados uns azulejos e com fissuras outros, mas a maior inimiga era a água que se encontrava nas paredes. Foi preciso retirá-los um por um e pensar numa solução. Lurdes Esteves, conservadora do museu, propôs uma solução: uma caixa de ar, sobre a qual é instalada um placa de aerolame (um material leve usado no fabrico de aviões), tratada com areia grossa, sobre a qual é aplicada argamassa, onde é aplicado o azulejo antes de voltar à parede onde parecem assentes como tradicionalmente se faz, sem o estarem realmente.

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