J erónimo de Sousa encerrou a 45.ª edição da Festa do Avante! manifestando-se profundamente descrente na possibilidade de os milhões de euros que virão da UE para o PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) mudarem estruturalmente o país.."Não encontramos no PRR, nem no Portugal 2030, por mais transições que estes proclamem essas mudanças. Ao contrário da propaganda, o PRR não é o instrumento capaz de imprimir as alterações estruturais de que o país precisa. O PRR não parte das necessidades do país, mas das imposições da União Europeia. Por mais milhões que possam ser anunciados (...), sem uma profunda alteração das políticas o país não sairá da cepa torta", defendeu o líder comunista..Para Jerónimo, "não é em repetidos anúncios de programas governamentais de apoios aos jovens e ao interior que está a resposta". Ou seja, o país "não precisa de mais do mesmo, mas de se libertar do ciclo vicioso da política de direita e dos problemas acumulados que criou"..O líder comunista aproveitou o discurso de encerramento da festa dos comunistas para salientar o acerto do partido ao ter decidido no ano passado realizá-la, enfrentando uma enorme barragem de críticas.."Quiseram silenciar-nos, quiseram limitar a ação deste partido indispensável à luta dos trabalhadores e das populações. Quiseram impedir a Festa do Avante!, insinuaram maldosamente motivações financeiras", declarou. "Senhores do medo".O líder comunista negou que estas tenham sido as motivações para o partido ter realizado a Festa do Avante! em pandemia - facto que em 2020 motivou polémica de partidos e algumas personalidades públicas. "Se fossem essas as nossas motivações, não a teríamos realizado! Hoje é mais fácil perceber quão justas eram as nossas razões.".Segundo explicou, "era preciso travar as pretensões dos senhores do medo e do mando, os senhores do dinheiro e as forças que os servem, que aspiravam a limitar o exercício das liberdades, minar a democracia, dificultar o protesto e proibir a luta social e a ação coletiva nas empresas, no espaço público e nas instituições, e levar longe, a pretexto da epidemia, a intensificação da exploração do nosso povo".."Era necessário dar confiança e esperança", sublinhou, "combater o medo e ao mesmo tempo exigir as medidas e soluções para salvaguardar a saúde de quem vive e trabalha neste país, como sempre o fizemos, lutando e propondo medidas concretas, da vacinação à testagem e ao reforço do SNS". Por essas razões, defendeu, o partido não aceitou, "desde a primeira hora, nem que o vírus infetasse os direitos, nem que a luta fosse confinada, deixando o grande capital em roda livre"..O certame anual comunista teve este ano uma lotação máxima de 40 mil visitantes, mais 23 mil do que em 2020, ainda com limitações devido ao contexto de pandemia da covid-19 (como a apresentação de certificado digital de vacinação ou teste negativo). A festa foi essencialmente marcada por iniciativas celebrando os 100 anos do PCP, partido fundado em 6 de março de 1921..atualizado às 23.30