Em declarações à Lusa, via telefone, a partir da capital centro-africana, Rui Flores, conselheiro político da representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para a República Centro-Africana, Margaret Vogt, assegurou que, às 20:00 locais (19:00 em Lisboa), os rebeldes ainda não estavam em Bangui..Momentos antes, um chefe militar dos rebeldes da República Centro-Africana tinha anunciado, a partir de Libreville, capital do Gabão, que a coligação Séléka estava "às portas" da capital. .As informações sobre o avanço rebelde "são contraditórias", mas não se afasta que esteja em curso, referiu Rui Flores, explicando que a Séléka, "quando ataca, vai direta às antenas dos telemóveis e corta a comunicação", o que dificulta às Nações Unidas "confirmar algumas das informações que circulam", porque não conseguem "contactar as fontes no terreno".."A ofensiva rebelde não é surpresa, a ofensiva em direção já a Bangui é que é o fator surpresa", assinalou, referindo que alguns observadores indicam que os rebeldes não serão mais de duzentos e não terão equipamento muito pesado..Citando esses mesmos observadores, Rui Flores referiu que os rebeldes terão aproveitado a ausência do Presidente centro-africano, que viajou há dois dias para a África do Sul, para avançarem em direção à capital. Porém, François Bozizé, que nem sequer avisou a comunidade internacional que ia para a África do Sul, já está de volta a Bangui..Em reunião realizada hoje, as Nações Unidas determinaram para o seu pessoal a redução da jornada de trabalho - das 08:00 às 14:00 - e o recolher obrigatório entre as 18:00 às 07:00.."O pessoal não essencial foi convidado a preparar-se para o caso de termos de sair daqui em breve, mas a decisão de sair não está tomada", acrescentou o especialista português, em Bangui desde julho de 2012.."Imediatamente antes do almoço a cidade foi tomada pelo pânico, porque as notícias do avanço dos rebeldes estavam a ser divulgadas nas rádios. (...) O pessoal do comércio fugiu todo da cidade. Os supermercados fecharam", descreveu.."A cidade está muito calma agora, não há trânsito nenhum, não há nada, está tudo fechado", contou, acrescentando que "há muito nervosismo" e que já recebeu "muitos telefonemas de amigos locais".."Aquelas pessoas -- isto é dramático - que saíram à hora do almoço para irem para casa, que vivem na periferia, agora provavelmente estão a voltar para o centro, para casas de amigos, porque como a periferia vai estar mais exposta à invasão mais cedo, estão a tentar fugir de lá", referiu.