Se houve crime Ronaldo arrisca "pena de seis anos"

Autoridade Tributária espanhola está a investigar fuga ao fisco de futebolistas. José María Mollinedo, secretário do sindicato dos técnicos do fisco espanhol, diz que poderá estar em causa uma pena de 6 anos
Publicado a
Atualizado a

A Autoridade Tributária espanhola está a investigar as informações veiculadas por órgãos de comunicação social de vários países sobre um esquema de fuga ao fisco de futebolistas, entre os quais está, alegadamente, Cristiano Ronaldo.

O ministro das Finanças, Cristóbal Montoro, esclareceu, em declarações informais aos jornalistas, que a Autoridade Tributária espanhola atua em função de um protocolo pré-estabelecido e comprova informações divulgadas pelos órgãos de comunicação social com relevância fiscal.

Apesar de defender que o Fisco deve fazer o seu trabalho de investigação, Montoro assinalou que não é aconselhável agir unicamente em função das notícias que são divulgadas, observando que, por vezes, elas não correspondem aos indícios existentes.

José María Mollinedo, secretário do sindicato dos técnicos do fisco espanhol (GESTHA), em declarações à radio RAC1, diz que "as informações sobre Cristiano Ronaldo levam a crer que poderá ter cometido uma fraude superior a 160 milhões de euros. A confirmar-se, estaríamos perante um crime fiscal agravado, o que implica pena de prisão mínima de dois anos por cada ano de infração. Se a investigação está aberta há três anos, a pena será de seis anos".

Em declarações à Cadena Ser, Carlos Cruzado presidente do GESTHA disse que espera ver Cristiano Ronaldo perante a justiça. "A autoridade tributária deve entregar este caso ao Ministério Público (...) poderá haver pena de prisão para Cristiano Ronaldo"

Na sexta-feira, os membros do European Investigative Collaborations (EIC), que incluem o Expresso, noticiaram que Cristiano Ronaldo evadiu, supostamente, milhões de euros em impostos através de uma sociedade nas Ilhas Virgens.

A informação, que também envolve outros jogadores, entre os quais Fábio Coentrão, Ricardo Carvalho ou Pepe, assim como o internacional alemão Mesut Ozil, do Arsenal, foi colhida a partir de 1.900 gigabytes de documentos a que o referido consórcio europeu teve acesso e sobre os quais trabalharam 60 jornalistas durante mais de sete meses.

De acordo com os documentos, cedidos aos citados OCS pela plataforma digital 'Football leaks', são muitas a estrelas do futebol internacional que se esforçam por ocultar os seus rendimentos ao fisco, dando como exemplos concretos os de Ronaldo e Ozil.

O avançado português terá, alegadamente, segundo o El Mundo, utilizado empresas fictícias sediadas nas Ilhas Virgens para ocultar receitas de publicidade de 150 milhões de euros e, segundo o Der Spiegel, alguns colaboradores próximos de Ronaldo revelaram-se preocupados com a possibilidade de detalhes da sociedade caribenha chegarem ao conhecimento das autoridades.

Entretanto, a Gestifute, do agente Jorge Mendes, que representa os interesses de Cristiano Ronaldo e José Mourinho, já tinha feito saber, na quinta-feira, numa declaração pública, que ambos estão em dia com as suas obrigações fiscais, tanto em Espanha como no Reino Unido.

Na mesma declaração, enviada à Agência Lusa, a Gestifute sublinhava que Cristiano Ronaldo e José Mourinho nunca estiveram envolvidos em qualquer processo judicial relativo à prática de qualquer delito fiscal e ameaçava que qualquer insinuação ou acusação dessa natureza em relação a ambos será denunciada e perseguida nos tribunais.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt