Autor de artigo anónimo crítico de Trump revela identidade
"Não devemos o silêncio ao presidente. Devemos-lhe, e ao povo, a verdade", escreveu Miles Taylor, antigo chefe de gabinete da secretária do Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em Inglês), Kirstjen Nielsen, em artigo publicado no sítio da internet do Medium, intitulado "Porque já não sou anónimo".
Aí sublinha que é "um republicano" e que quis "que o presidente tivesse sucesso".
Este antigo alto funcionário, que trabalhou no DHS entre janeiro de 2017 e o verão de 2018, porém contrapôs: "Muito frequentemente em tempos de crise, vi Donald Trump provar que não tem caráter e as suas fraquezas pessoais provocaram falhas de liderança, que se podem medir em perdas de vidas [norte-]americanas".
Garantiu que numerosos membros do governo são da mesma opinião, mas que "a maioria hesita em exprimir-se por medo de represálias".
Uma porta-voz da Casa Branca, Sarah Matthews, criticou o New York Times por ter garantido o anonimato "a um responsável de nível inferior".
Em setembro de 2018, o diário nova-iorquino publicou um texto explosivo intitulado "Faço parte da resistência no seio do governo Trump", que tinha sido escrito, avançou então o título, por um "alto responsável" do Executivo.
No texto contava como ele e outros se esforçavam por lutar, do interior, contra as "piores tendências" de um presidente com uma liderança "mesquinha", "impetuosa" e "ineficaz".
Acusava Trump, em particular, de prejudicar "a boa saúde" da República.
Quando o texto apareceu, houve uma controvérsia forte. Donald Trump gritou"traição".
Um ano depois, o "Anónimo", como assinou o artigo no jornal, publicou um livro intitulado "A Warning" ("Um Aviso"), um "testemunho chocante, em primeira mão, sobre o presidente Trump e o seu trabalho", segundo o seu editor.
Miles Taylor justificou hoje a sua escolha pelo anonimato. "Quis que a atenção se focasse nos argumentos em si", mais do que oferecer a Trump uma ocasião para "desviar a atenção com recurso a insultos mesquinhos e a nomes de pássaros".
A menos de uma semana para a eleição presidencial, Taylor apelou aos eleitores para que "coloquem o país acima do partido" e votem no democrata Joe Biden.
"Penso que a decência de Joe Biden vai unir-nos onde a desonestidade de Donald Trump nos dividiu", garantiu.