Autor da bandeira do Estado Islâmico com brinquedos sexuais critica CNN por a ter confundido com a verdadeira

Paul Coombs queria mostrar a sua indignação para com as ações do Estado Islâmico e não percebe como a CNN fez "uma reportagem tão histérica e errónea".
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Quando decidiu fazer uma bandeira do Estado Islâmico (EI) com objetos sexuais e exibi-la no desfile de orgulho gay em Londres, Paul Coombs nunca pensou que esta fosse confundida com uma verdadeira pela CNN. O objetivo era tão simples como mostrar a sua "indignação com o brutal avanço do EI no Norte de África, Líbia, Síria e Iraque". Num texto publicado no The Guardian, o autor da bandeira - que acabou por chamar mais atenção do que tinha previsto - revela a surpresa ao saber que a CNN noticiou que a bandeira era mesmo do EI e não "um pedaço de pano coberto com briquedos sexuais".

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"[A bandeira] tornou-se num símbolo forte de brutalidade, medo e opressão sexual. Se que queria tentar estimular um diálogo que ridicularizasse esta ideologia, a bandeira era a chave", escreve Paul Coombs. Salientou que "era importante não reproduzir a escrita da bandeira porque as palavras e o seu tema - o Islão - não são o alvo".

Coombs considera que o desfile de orgulho gay era o local ideal para a "bandeira ter voz". "O festival é uma celebração pura dos melhores aspetos da humanidade: tolerância, união, aceitação e libertação, o oposto ao que o EI defende", afirma. O autor refere que esperava alguma reação e a bandeira foi recebida com muito humor. "A bandeira era tão claramente feita com brinquedos sexuais que nunca pensei que fosse confundida com a verdadeira bandeira do EI."

Explica que pouco mais de dois quilómetros depois de ter começado o desfile foi abordado calmamente por três polícias, que tinham sido informados que alguém andava com uma bandeira do EI nas ruas. Inspecionaram o pano e "perceberam imediatamente que era brinquedos sexuais". Com receio que alguém pudesse perceber mal a mensagem que Coombs tentava transmitir, o que poderia ser perigoso para ele, os polícia pediram para que escondesse a bandeira. Coombs assim o vez.

O autor pergunta depois como foi possível que "uma reportagem tão histérica e errónea fosse para o ar, analisada por um especialista em terrorismo". Questiona ainda a reputação da CNN, ainda mais quando, segundo escreve, "não voltou a mencionar" o assunto. "Parece que pensam se ninguém diz nada sobre o assunto é porque não pode ter mesmo acontecido. Mas aconteceu", escreve.

Termina o texto, dizendo que a sua missão foi cumprida ao ver que alguém escreveu: "Sempre que vejo uma bandeira do EI, só consigo ver dildos!"

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