Autocarros turísticos vão reforçar transportes públicos em Lisboa e no Porto

As duas áreas metropolitanas vão alugar autocarros a empresas dedicadas ao turismo para evitar ultrapassagem dos limites de lotação. Programa vai durar pelo menos 3 meses e custar 1,5 milhões de euros.
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Os autocarros turísticos vão reforçar a oferta de transportes públicos nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. O programa vai durar pelo menos três meses e implica um investimento total de 1,5 milhões de euros, segundo o anúncio feito esta quarta-feira pelo ministério do Ambiente e da Ação Climática. Os ministérios das Finanças e da Modernização do Estado e da Administração Pública também se juntam a este programa.

A proposta já tinha sido lançada em setembro pela associação de transportadoras ANTROP e deverá arrancar ao longo da próxima semana, segundo declarações aos jornalistas após a apresentação do ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes. A medida será financiada pelo Fundo Ambiental.

A informação sobre os autocarros será disponibilizada pelas operadoras de transportes junto das estações ferroviárias ou paragens de autocarro, à semelhança do que acontecia, no passado, com os serviços mínimos em dia de greve.

Na Área Metropolitana de Lisboa (AML), há um máximo de 300 autocarros turísticos (vulgo autocarros de aluguer) que poderão ser utilizados para reforçar a oferta de comboios e do Metro Transportes do Sul (MTS). Na Área Metropolitana do Porto (AMP), há um máximo de 200 autocarros de aluguer que poderão ser utilizados. No total, poderá existir um reforço de até 500 autocarros nas duas metrópoles.

Na AML, os autocarros vão complementar a oferta da CP, Fertagus e da MTS, segunda a proposta apresentada nesta sessão e que está a ser finalizada com as autarquias.

No caso da CP, os veículos só serão utilizados na hora de ponta da manhã, com partidas a cada 5 minutos, entre as estações ferroviárias do Cacém e da Amadora e as estações de metro da Pontinha, Sete Rios e Entrecampos. Na Fertagus, haverá autocarros diretos entre a estação do Pragal e Lisboa entre as 6h20 e as 8h; no sentido inverso, a circulação será feita entre as 17h10 e as 18h10. Na MTS, haverá viagens entre Corroios e Cacilhas entre as 7h20 e as 8h; entre as 16h e as 18h15 no sentido inverso.

Na AMP, os pesados vão complementar apenas a oferta da STCP, cuja procura média em setembro situou-se em 69% face ao mesmo mês de 2019, ou seja, acima dos dois terços da lotação máxima permitida em contexto de pandemia (dois terços). Serão reforçadas 17 linhas nos seis municípios servidos por esta transportadora rodoviária: Porto, Matosinhos, Maia, Valongo, Gondomar, Vila Nova de Gaia.

Nestes autocarros, será cumprida a regra dos dois terços de lotação mas há veículos turísticos em que poderão existir passageiros a circular de pé, se estiverem homologados para tal, esclareceu aos jornalistas o líder da ANTROP, Luís Cabaço Martins.

Esta medida também vai permitir retirar do lay-off convencional pelo menos 400 motoristas de transporte de passageiros. Estes trabalhadores "estão em casa há pelo menos oito meses" a receber dois terços do salário, assinalou o mesmo responsável da ANTROP.


A cerimónia de apresentação desta medida contou com a presença dos líderes da AML e da AMP, Fernando Medina e Eduardo Vítor Rodrigues, respetivamente.

O líder da AMP, numa intervenção feita remotamente, assinalou que nos últimos meses "aumentou enormemente a compra de automóveis em segundo mão, mesmo a custos controlados. Há uma sensação que os transportes públicos não são seguros".

A medida anunciada esta quarta-feira pretende contrariar esta sensação de insegurança. O próprio Matos Fernandes voltou a afirmar que "não há nenhum caso confirmado de transmissão de vírus pelo transporte coletivo".

Só que o recurso a autocarros para transportar utentes da periferia para os centros das cidades deverá contribuir para aumentar o trânsito e o tempo de viagem na comparação, por exemplo, com o comboio. O ministro do Ambiente recusa esse cenário e garante: "Queremos criar condições para que ninguém prefira o transporte individual ao transporte coletivo".

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