Autárquicas e OE 2022 marcam Festa do Avante!
Há um ano a situação pandémica nacional até era ligeiramente melhor do que a atual (menos mortos por dia e menos novos infetados). Contudo, a vacinação não tinha chegado e a insistência do PCP em organizar a sua Festa do Avante! desencadeou forte polémica, com o partido a ser criticado por todos os quadrantes políticos (só o PS e o governo se abstiveram).
Hoje os comunistas dão início a mais uma edição, a 45.ª, da sua festa anual, no sítio habitual, a Quinta da Atalaia, no Seixal. Da polémica transata não resta nada e aliás Jerónimo de Sousa já o disse.
Lotação: 40 mil pessoas
"A vida provou, em relação à festa do ano passado, essa garantia de que é um dos espaços mais seguros em termos de saúde pública (...). O respeito pelas normas, que foram cumpridas, desativou essa operação, que era uma operação claramente de provocação, uma ofensiva ideológica, procurando minimizar a festa e o partido", sustentou o líder comunista, falando com jornalistas durante uma visita que fez há dias aos preparativos da festa.
As diretivas aprovadas neste ano pela DGS implicam que a lotação máxima será de 40 mil pessoas em simultâneo no recinto - um aumento de 23 500 visitantes face aos 16 500 de há um ano. Aquele organismo recomendou também "vivamente" ao PCP - embora sem valor vinculativo obrigatório - que as entradas na festa sejam condicionadas em função da apresentação de certificado digital.
Politicamente, o que marcará a iniciativa neste ano serão as eleições autárquicas e as conversações que o PCP está a ter com o governo sobre a preparação do Orçamento do Estado do ano que vem (OE 2022).
Quanto às eleições, o partido aposta forte em voltar a crescer eleitoralmente, depois de há quatro anos ter perdido dez presidências de câmara (passou de 34 para 24), entre as quais a do bastião de sempre, Almada. Jerónimo de Sousa já reconheceu que as eleições autárquicas serão "muito exigentes" para o partido. Fê-lo por exemplo há dois dias ao discursar numa sessão pública na Marinha Grande.
Nessa sessão, o líder comunista salientou a presença de independentes nas listas da CDU, uma presença que "traduz bem a abertura da CDU para se constituir como espaço de ação convergente e de cooperação de numerosos cidadãos sem partido". Nas listas da CDU "há muito mais independentes do que nas falsamente designadas listas de independentes que, na sua generalidade, são o refúgio de projetos pouco transparentes, de interesses económicos ou meras ambições pessoais", disse ainda Jerónimo de Sousa.
Quanto ao OE, é um tema habitual das festas, que se realizam sempre cerca de um mês e meio antes de a proposta governamental dar entrada no parlamento. A diferença desde 2014 é que os comunistas passaram a ser decisivos na viabilização da proposta governamental. Se não fosse o PCP, o OE em vigor não teria sido aprovado, dado o voto contra do Bloco de Esquerda, algo que nunca tinha acontecido desde o início da geringonça (2015). j.p.h.