Austrália. Nasceram 34 cordeiros de sémen congelado há 50 anos

Material genético estava congelado em nitrogénio líquido, a 196 graus negativos.
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Cientistas da Universidade de Sidney, na Austrália, inseminaram artificialmente 56 ovelhas, num processo que redundou no nascimento de 34 crias. Até aqui, a experiência nada tem de novo. Falta acrescentar-lhe um dado: o sémen usado estava congelado há... 50 anos.

O sémen foi recolhido em 1968 e ficou congelado durante cinco décadas em nitrogénio líquido, a uma temperatura de 196 graus negativos. A equipa de cientistas quis agora esclarecer se o sémen continuava viável e o resultado foi claro - a taxa de sucesso alcançada é muito semelhante à inseminação feita com sémen muito mais recente. Num processo de inseminação com sémen com doze meses, a taxa de gravidezes foi de 59%, enquanto neste caso foi de 61%. "Isto demonstra a viabilidade do congelamento e armazenamento de longa duração do sémen", declarou ao jornal Science Daily Simon de Graaf, do Instituto de Agricultura e Escola de Ciências Ambientais da Universidade de Sidney.

O sémen que foi agora utilizado pelos cientistas da Universidade de Sidney foi recolhido em 1968 por Steven Salamon (1918-2017), um pioneiro em técnicas de reprodução assistida.

Segundo os dados já divulgados pela equipa australiana - que ainda não foram publicados numa revista científica -, os 34 cordeiros nasceram saudáveis e assim se mantinham até aos sete meses, altura em que a experiência foi dada por terminada. O único sinal de que aquelas crias resultam de material genético de há 50 anos é o facto de apresentarem uma pele enrugada, que era característica daquela espécie de ovelhas, na Austrália, naquela época.

"Sabíamos que o processo de congelação do sémen é eficiente e permite a conservação durante muito tempo, mas não estávamos certos da sua qualidade, ao fim de tantos anos", explicou por mail, ao jornal espanhol El Mundo, outro membro da equipa, Jessica Rickard.

Uma das grandes potencialidades desta descoberta é a hipótese de poder contribuir para evitar a extinção de espécies animais. "Trabalhamos sobretudo com ovelhas, mas podemos fazê-lo com qualquer espécie, desde moscas a rinocerontes", acrescenta Rickard ao El Mundo. Os autores apontam também as potencialidades em humanos, nomeadamente nos casos de doentes com cancro que, antes de iniciarem os tratamentos, fazem recolha de sémen para poder ter filhos posteriormente.

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