O salário mínimo nacional (SMN) aumentou para os 580 euros a 1 de janeiro, mas o efeito na competitividade das empresas portuguesas foi nulo. De acordo com o Relatório de Acompanhamento do Acordo sobre a Retribuição Mínima Garantida, apresentado ontem aos parceiros sociais, "da análise da evolução das exportações não se encontram evidências de um recuo ou abrandamento provocado pelo aumento da Remuneração Mínima Mensal Garantida (RMMG) em janeiro de 2018"..Na avaliação que acompanha o relatório trimestral, admite-se que "as atualizações da RMMG poderão ter impactos nas empresas e nos setores exportadores, podendo afetar a sua competitividade", por isso é feita a análise da evolução das exportações de bens e serviços, sendo que, para já, não há indícios de que a atualização de 23 euros no início deste ano tenha afetado as vendas ao exterior..A corroborar estes indícios estão os dados do primeiro trimestre deste ano: "as exportações atingiram os 44,1% do PIB, 1,4 pontos percentuais acima do ocorrido no mesmo trimestre de 2017, o que resulta numa taxa homóloga de crescimento real de 4,7%", lê-se no relatório..Um quarto dos empregos criados com salário mínimo.Nos primeiros três meses do ano foram criados 146 384 empregos. Destes, 36 929 tinham uma remuneração de 580 euros mensais, ou seja, um quarto dos postos de trabalho criados entre janeiro e março. Comparando com anos anteriores a tendência é de diminuição do número de empregos criados a auferirem o salário mínimo..De acordo com o relatório, a subida do salário mínimo nacional de 557 para 580 não aumentou o peso dos trabalhadores abrangidos pela remuneração mínima garantida. O ministro Vieira da Silva já tinha avançado este dado no Parlamento e agora o relatório detalha os valores..Ainda de acordo com o documento, "pela primeira vez depois de uma atualização do SMN, não se registou no ano seguinte um crescimento homólogo da percentagem de trabalhadores abrangidos". O número de trabalhadores aumentou para cerca de 764,2 mil em março de 2018, mas a percentagem de trabalhadores a receberem 580 euros manteve-se nos 22,9%, sem alteração face ao mesmo mês de 2017. Para o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, isto "quer dizer que o crescimento salarial noutros escalões também foi significativo. Comparando março de 2018 com março de 2017 há a mesma percentagem de trabalhadores a receberem o salário mínimo". Um facto que para o governante é "importante, porque uma das críticas que se fazia ao aumento do salário mínimo é de que iria comprimir todos os salários e impedir aumentos salariais e, finalmente, ao longo destes anos veio provar-se que isso não acontecia e que o mercado de trabalho tem tido dinamismo"..Salários mais baixos sobem mais.Os trabalhadores que se mantiveram no mesmo posto de trabalho entre outubro de 2016 e outubro de 2017 (últimos dados disponíveis) tiveram um aumento salarial em todos os escalões de remunerações, mas com maior relevância para os escalões mais baixos..De acordo com o Relatório de Acompanhamento do Salário Mínimo, "a variação salarial dos trabalhadores que permaneceram no mesmo posto de trabalho entre outubro de 2016 e outubro de 2017 mostra aumentos em todos os escalões de remuneração, com especial incidência nos escalões mais baixos". O documento especifica que para os escalões mais baixos, entre os 530 e os 600 euros, a subida foi "na ordem dos 6%"; nos escalões intermédios, entre 600 e 1800 euros, o aumento foi de 3%. Já nos escalões mais elevados, os aumentos foram mais modestos: acima dos 2% no escalão entre 1800 euros e os 2500 euros e acima de 1% no escalão superior aos 2500 euros..Quem mudou teve o dobro do aumento.Os dados agora divulgados mostram ainda que os trabalhadores que se mantiveram empregados entre outubro de 2016 e outubro de 2017 tiveram aumentos salariais nominais próximos dos 4%. Já quem, no mesmo período, mudou de emprego teve aumentos a rondar os 8%, ou seja, o dobro..Em termos globais, as remunerações declaradas à Segurança Social tiveram um aumento nominal de 1,9% em março deste ano (0,7% em termos reais).