Atribuição a Raduan Nassar é "excelente decisão"
"É uma decisão excelente porque Raduan Nassar era dos últimos grandes escritores de língua portuguesa que ainda não tinha ganho o Prémio Camões, e fico muito satisfeito com o resultado", afirmou, contactado por telefone pela agência Lusa, o escritor José Eduardo Agualusa.
Segundo José Eduardo Agualusa, o Prémio Camões serve também para dar a conhecer escritores de vários territórios da língua portuguesa que apenas são conhecidos no seu país, como é o caso de Raduan Nassar.
"Embora esteja publicado em Portugal é ainda muito pouco conhecido. Espero que venha a ser mais lido", acrescentou.
O escritor brasileiro Raduan Nassar, 80 anos, é o vencedor do Prémio Camões 2016, anunciado hoje, em Lisboa, pelo secretário de Estado da Cultura do Governo português, Miguel Honrado.
A editora Cotovia, que publicou o autor, em Portugal, considera-o "um dos maiores escritores das letras brasileiras, originalíssimo autor de uma obra muito reduzida e depurada".
Nassar estreou-se em 1975, com Lavoura arcaica, que foi adaptada ao cinema, assim como a novela que se seguiu. Um Copo de Cólera, de 1978. A Cotovia publicou em Portugal a coletânea de contos Menina a caminho, de 1997.
O secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, que anunciou o vencedor, disse que o premiado reagiu "com surpresa" à distinção, e que a acolheu com o "maior agrado e com orgulho".
Raduan Nassar nasceu em Pindorama, Estado de São Paulo, em 1935, descende de uma família libanesa, estudou Direito e Letras na Universidade de São Paulo, onde concluiu a sua formação académica em Filosofia.
O Prémio Camões, no valor de 100 mil euros, foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988, e atribuído pela primeira vez em 1989, ao escritor Miguel Torga (1907-1995). No ano passado, foi distinguida a escritora portuguesa Hélia Correia.