Na carta, a que a Lusa teve acesso, a AAP solicita "a caducidade do artigo 26, que concede total isenção fiscal sobre os rendimentos e bens da ICAL [Igreja Católica Apostólica Romana] e pedir a inclusão desta confissão religiosa, por razões de equidade, no esforço fiscal a que os portugueses estão sujeitos"..Na missiva, que também foi enviada ao ministro do Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, e aos partidos com assento parlamentar, a Associação Ateísta Portuguesa salienta que a isenção do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), nem como sobre os rendimentos da Igreja Católica, "são uma ofensa aos portugueses que sofrem as sucessivas medidas de austeridade"..A AAP "sempre considerou desnecessária a concordata assinada entre a Santa Sé e a República portuguesa (...) e acha-a lesiva dos interesses nacionais nos privilégios que confere à Igreja"..Atendendo ao actual contexto económico, em que os portugueses vão sofrer aumentos de impostos e cortes nos subsídios, estas isenções "são uma ofensa" para os "que sofrem as sucessivas medidas de austeridade".."A isenção de impostos sobre rendimentos e bens da Igreja é um privilégio que prejudica tanto os católicos, a quem cabe sustentar o culto, como os crentes de outras religiões e os não crentes, todos sacrificados de forma mais pesada com as contribuições exigidas pelo Estado para poder isentar uma confissão religiosa", adianta a associação na carta ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho..A AAP sublinha que a posição de pedir o fim da isenção "não é um ato anticlerical", mas antes "uma acção de justiça social que a própria [Igreja] devia reivindicar".